Kurschus foi informada, na década de 1990, das acusações de agressão feitas contra um antigo colega, mas não tomou qualquer medida, segundo o jornal alemão Siegener Zeitung.

O suspeito está agora a ser investigado pela polícia e a natureza exata das agressões não foi revelada até agora, de acordo com a agência francesa AFP.

Kurschus, 60 anos, negou ter conhecimento das agressões, mas decidiu demitir-se “para evitar que a imagem [da Igreja Protestante] seja manchada”.

“As suspeitas dizem respeito a um homem de cuja família sou amiga há muito tempo”, disse Kurschus numa conferência de imprensa em Bielefeld (norte).

Explicou que só se apercebeu “da homossexualidade e da infidelidade conjugal do arguido” e quis proteger a família, mas o debate público sobre o processo chegou a tal ponto que não viu outra alternativa senão demitir-se.

Kurschus disse que nunca procurou fugir às responsabilidades, ocultar factos ou encobrir um arguido.

“Há 25 anos, gostaria de ter estado tão atenta, treinada e sensível aos problemas de comportamento que hoje me alertam”, afirmou.

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

Além da chefia da Igreja Protestante da Alemanha, Annette Kurschus demitiu-se também do cargo de presidente da Igreja Evangélica da Vestefália, segundo a televisão alemã MDR.

Enquanto a Igreja Católica na Alemanha está há anos a braços com alegações de abuso sexual, a congénere protestante tem sido, até agora, largamente poupada.

Um estudo encomendado pela Conferência Episcopal Alemã em 2018 concluiu que 1.670 membros do clero católico do país cometeram alguma forma de agressão sexual contra 3.677 menores entre 1946 e 2014.

No entanto, pensa-se que o número real de vítimas seja muito superior.

O limite máximo das indemnizações pagas pela Igreja Católica alemã foi aumentado em 2020 para 50.000 euros, em comparação com cerca de 5.000 euros anteriormente, mas as associações consideram que o montante continua a ser insuficiente.

Em 2022, foram aprovados cerca de 28 milhões de euros em pagamentos.