Em entrevista à AFP, Svetlana Tikhanovskaya, 37 anos, anteriormente professora de inglês, agradeceu ao povo bielorrusso pela luta encetada nas últimas semanas, depois das eleições ganhas por Lukashenko, mas cuja legitimidade tem sido contestada a nível nacional e internacional.
“Estou tão orgulhosa dos bielorrussos agora porque, após 26 anos de medo, eles estão prontos a defender os seus direitos. Apelo para que continuem, não parem, porque é realmente importante agora permanecerem unidos na luta pelos nossos direitos”, afirmou a líder da oposição desde Vilnius, na Lituânia, onde se refugiou após as eleições presidenciais.
Questionada sobre a decisão do presidente em reforçar a segurança nas fronteiras, face a uma alegada ameaça externa, Svetlana Tikhanovskaya considerou-a “uma tentativa de desviar os bielorrussos dos problemas internos” e vincou a inevitabilidade do diálogo.
“Ele não tem escolha. Tem de compreender que não somos um movimento de protesto. Somos o povo da Bielorrússia, somos uma maioria e não iremos embora. Já não temos medo”, frisou a líder da oposição, que defendeu que o diálogo deve ser iniciado o mais rapidamente possível “para que a crise não se torne mais profunda".
A crise na Bielorrússia foi desencadeada após as eleições de 9 de agosto, que segundo os resultados oficiais reconduziram o presidente Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, para um sexto mandato, com 80% dos votos.
A candidata da oposição à presidência, Svetlana Tikhanovskaya, está refugiada na Lituânia, tendo referido que a votação foi uma fraude, depois de a Comissão Eleitoral lhe ter atribuído 10% dos votos.
Milhares de bielorrussos saíram às ruas por todo o país para exigir o afastamento de Lukashenko.
Os protestos têm sido duramente reprimidos pelas forças de segurança, com quase 7.000 pessoas detidas, dezenas de feridos e pelo menos três mortos.
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