“Com certeza que não era preciso ter chegado a este ponto: é uma absoluta aberração. Infelizmente já nos acostumaram a isso”, referiu Domingos Simões Pereira, ex-primeiro-ministro e líder do partido mais votado da Guiné-Bissau, mas arredado do poder em 2015.
Aquele responsável falava à Lusa em Maputo, à margem de uma visita a Moçambique.
“Fecharam-se as emissões, agora diz-se que vão abrir, mas sem explicar o que aconteceu. Penso que ninguém tem dúvidas. Os guineenses estão mais que esclarecidos que foi uma tentativa de silenciar vozes discordantes”, acrescentou.
“Se temos a rádio e a televisão nacional [da Guiné-Bissau] completamente focados na propaganda política a favor do presidente e seus acólitos, restava a RTP/RDP, portanto, toca a fechá-la, silenciá-la”, referiu Domingos Simões Pereira.
O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, afirmou na segunda-feira, em Bissau, estar para breve a reabertura do sinal da RTP, mas sem prestar mais explicações.
O líder do PAIGC pensa que se deve olhar de forma positiva para estes sinais de abertura, mas considera importante que “o povo guineense exija a prestação de contas” ao Governo sobre o que se passou.
O Governo guineense mandou desligar os emissores da RTP África e RDP África no país e proibiu os jornalistas de enviarem peças desde 01 de julho, alegando questões técnicas, de cooperação e por discordar de conteúdos transmitidos.
Questionado sobre as razões de fundo que levaram à tomada de posição, o ministro da Comunicação Social, Vítor Pereira, acusou na altura os órgãos portugueses de contribuírem para “denegrir a imagem do país”.
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