“A companhia informou aos elementos do protocolo que se apresentaram no aeroporto que tinha recebido ordens expressas para não proceder ao registo da minha viagem”, afirmou aos jornalistas Domingos Simões Pereira.
Segundo o líder do PAIGC e antigo primeiro-ministro, os elementos do protocolo lembraram a companhia aérea que “toda a viagem é um contrato” e que era necessário dar-lhe “algum justificativo”.
“Não foi possível porque visivelmente a companhia sentiu-se constrangida pela forma como lhe foi transmitida a tal ordem”, disse.
“Para mim, isso é uma demonstração clara do enorme défice de cultura democrática. Se nas vezes anteriores se fabricou todo o tipo de justificativo para dizer que havia algo que impedia a minha deslocação, desta vez, na ausência desse algo ou de qualquer restrição à minha liberdade, a solução é fisicamente impedir o meu acesso ao aeroporto e desta forma não há como provar que os meus direitos estão a ser postos em causa”, afirmou.
Domingos Simões Pereira deveria ter viajado hoje na companhia aérea Euroatlantic para Lisboa, que esteve durante o período da manhã a realizar o check-in para o voo, que deverá sair ao final do dia de Bissau.
O líder do PAIGC salientou que um juiz de instrução e o tribunal já fizeram uma certidão que foi transmitida a todas as instâncias a referir que “não há rigorosamente nada” que o impeça de viajar.
Durante a manhã de hoje era visível um forte dispositivo policial no acesso ao aeroporto Osvaldo Vieira, incluindo no próprio aeroporto.
“É muito triste. Penso que todo o guineense se sente entristecido por isso. Voltamos a ter uma capital militarizada por algo que é absolutamente incompreensível. Eu sou um cidadão de ordem, portanto, havendo alguma disposição que restringe a minha liberdade, bastaria comunicarem-me isso”, disse Domingos Simões Pereira.
“A nenhum guineense faz bem ouvir que em 2023 continuamos a impedir, por via força, alguém de aceder a um espaço público. Não faz sentido. Por volta das 06:00 [mesma hora em Lisboa], os meus serviços de segurança informaram-me que havia um dispositivo de segurança à porta da minha casa”, salientou Domingos Simões Pereira.
Questionado sobre o que poderá acontecer agora, Domingos Simões Pereira disse esperar que a situação “acabe bem”, mas, acrescentou, isso só será possível quando o povo guineense compreender que é possível repor a normalidade constitucional e o respeito da lei.
“O povo tem de compreender que não há nenhuma arma que possa derrotar o próprio povo. Há de chegar o momento em que será impossível aceitar este quadro”, disse.
O líder do PAIGC já foi por várias vezes impedido de sair do país por “ordens superiores”, tendo a última acontecido em 16 de dezembro passado.
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