O primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, declarou hoje que a saída de Angela Merkel da cena política, após 16 anos à frente do Governo alemão, vai deixar “uma grande lacuna”.
“Vou sentir falta dela, a Europa vai sentir falta dela e os luxemburgueses também”, disse Xavier Bettel em declarações à imprensa ao chegar para o segundo dia da cimeira dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE)em Bruxelas.
O primeiro-ministro luxemburguês, que compartilhou oito anos do seu mandato com a chanceler alemã, disse que “as pessoas não sabem disso, mas Merkel era uma máquina de compromisso”.
“Isso significa que muitas vezes, quando não era possível seguir em frente, Merkel apresentava uma proposta e nós alcançávamos um sucesso”, continuou Bettel.
“Na maioria das vezes, quando não concordávamos, não conseguíamos chegar a nada, apenas fazíamos prosa”, explicou o primeiro-ministro, referindo-se aos textos de conclusão que os líderes europeus acertavam no final de cada cimeira.
“E ainda assim, Merkel conseguia encontrar algo que nos unia para seguir em frente”, disse o primeiro-ministro luxemburguês.
Bettel enfatizou o seu relacionamento pessoal com Merkel, pois é uma pessoa que “estima muito”, e prometeu trabalhar com o próximo Governo alemão.
“É alguém que durante dezasseis anos marcou realmente a Europa, e ajudou-nos, a todos os 27, a tomar as decisões certas com muita humanidade em momentos difíceis”, declarou por seu lado o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo.
A saída de Angela Merkel “deixará um grande vazio, porque é alguém que está no cargo há tanto tempo e que teve uma grande influência no desenvolvimento da União Europeia”, acrescentou o primeiro-ministro austríaco Alexander Schallenberg.
“Ela foi uma artesã da paz dentro da UE. Ela é, sem dúvida, uma grande europeia”, insistiu Schallenberg.
A chanceler alemã é “uma grande política e tem sido um fator de estabilização crucial em situações muito complicadas”, acrescentou o presidente lituano, Gitanas Nauseda, sublinhando o “seu enorme respeito” por Merkel.
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ex-ministra da Defesa de Angela Merkel, sublinhou recentemente que o espírito analítico da doutora em Química foi crucial para desbloquear as por vezes intermináveis negociações europeias.
Nos últimos meses, os líderes da UE multiplicaram homenagens e agradecimentos à mulher que governa a Alemanha desde 2005, quase tanto tempo quanto o chanceler da Reunificação Alemã, Helmut Kohl (1982-1998).
Após 16 anos no poder, Merkel prepara-se para deixar o cargo de chanceler alemã.
Os três partidos que estão a negociar a formação da coligação de governo na Alemanha indicaram que pretendem chegar a um acordo até finais de novembro, para que Olaf Scholz [Partido Social Democrata/SPD] se torne chanceler no início de dezembro.
O SPD, o Partido Democrático Liberal (FDP) e os Verdes, com programas políticos muito diferentes, lideram as discussões desde o início de outubro na tentativa de formar uma coligação sem precedentes, uma vez que deixa de fora os conservadores (CDU) de Angela Merkel, que obtiveram os piores resultados da sua história nas eleições legislativas de 26 de setembro.
A saída de Angela Merkel, de 67 anos, desperta o medo do vazio dentro da UE, perante projetos decisivos para a sua sobrevivência: a reconstrução económica pós-covid-19, mudanças climáticas ou mesmo afirmação do seu papel geopolítico em relação aos Estados Unidos e à China.
Comentários