O presidente da Junta de Freguesia de Benfica, Ricardo Marques (PS), em declarações à agência Lusa, disse que o espólio do escritor é constituído “por mais de 20.000 volumes, alguns textos originais de obras do autor e os seus diversos prémios literários e diplomas de condecorações”.
O espólio constituirá um certo interpretativo da sua obra, “para estudantes e investigadores”, que fará parte da nova biblioteca municipal, a instalar em Benfica, no edifício da antiga Fábrica Simões, na avenida Pereira Gomes, um espaço de 2.000 metros quadrados.
O centro interpretativo terá um exemplar de cada edição internacional de obras de Lobo Antunes, que em finais de agosto irá publicar um novo livro de crónicas”, o sexto, disse à Lusa fonte editorial.
O novo livro, que é “uma súmula das suas melhores crónicas”, terá prefácio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, segundo as Publicações D. Quixote.
Em setembro de 2019, o chefe de Estado condecorou Lobo Antunes com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Na ocasião afirmou que o escritor “não precisava” do prémio Nobel da Literatura, porque “estava acima” desse galardão e, por isso, “não há que esperar notícias” de Estocolmo.
“Todo o seu trabalho literário tem sido, ao longo dos anos, objeto dos mais diversos estudos, académicos ou não, e dos mais importantes prémios, nacionais e internacionais”, disse fonte das Publicações D. Quixote, lembrando que a obra de Lobo Antunes se encontra traduzida “em inúmeros países”.
A biblioteca, que terá o nome de António Lobo Antunes, faz parte das contrapartidas do loteamento da Fábrica 21, naquela artéria da capital, e deverá estar pronta em 2022, segundo o autarca.
O espaço pode vir a incluir uma residência para escritores, adiantou à Lusa fonte editorial.
António Lobo Antunes nasceu em Lisboa, há 78 anos, na freguesia de Benfica. No ano passado, foi um dos nomeados para o Prémio Literário Internacional de Dublin, com o livro “Até que as pedras se tornem mais leves que a água”.
Lobo Antunes estudou na Faculdade de Medicina de Lisboa e especializou-se em Psiquiatria, que exerceu durante vários anos.
Mobilizado para o serviço militar, em 1970, embarcou para Angola no ano seguinte e regressou a Lisboa em 1973, experiência que marcou a sua produção literária, iniciada no final dessa década.
Em 1979, publicou “Memória de Elefante” e “Os Cus de Judas”, seguindo-se “Conhecimento do Inferno” (1980), livros “marcadamente biográficos, e muito ligados ao contexto da guerra colonial”, recorda a sua editora.
O mais recente livro de Lobo Antunes, “Diccionario da Linguagem das Flores”, foi publicado em outubro do ano passado, e é protagonizado pelo comunista Júlio Fogaça (1907-1980). Foi o 36.º título do autor.
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