“Eu devo dizer que fiquei muito impressionado, eu não sou técnico, não sei nada de incêndios, não sei como é que se combatem incêndios, o que eu sei é que a situação gravíssima que nós vivemos, passado algum tempo, conseguimos atalhá-la”, afirmou Ireneu Barreto.

O representante da República falava aos jornalistas no Serviço Regional de Proteção Civil, no Funchal, sobre o ‘briefing’ ao qual assistiu, onde lhe foi apresentada uma cronologia dos acontecimentos.

“Isso para mim é que é fundamental, foi um incêndio com uma intensidade brutal, em condições meteorológicas complicadíssimas e nós não tivemos uma casa ardida, uma propriedade agrícola tocada, que fosse significativa, e não tivemos felizmente ninguém ferido ou morto”, acrescentou o juiz conselheiro.

Questionado se considera que o combate e os meios empenhados foram os adequados, o representante da República disse não “ser técnico de incêndios” e rejeitou falar daquilo que não sabe.

“Não sei se foram bons ou foram maus, eu sei os resultados. Os resultados foram ótimos”, defendeu.

“Eu acho que o facto de termos dominado o incêndio e circunscrito o incêndio para uma zona que não atingiu praticamente a Laurissilva, que não atingiu significativamente as explorações agrícolas, é um bom sinal”, sublinhou Ireneu Barreto.

O juiz conselheiro indicou, por outro lado, que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já manifestou intenção de visitar a Madeira, mas não há ainda uma data prevista para a deslocação.

“Eu gostaria que o senhor Presidente da República viesse à Madeira fazer uma visita institucional, que fizesse uma visita a todos os concelhos da região”, afirmou, acrescentando, no entanto, que ainda “é prematuro” avançar com uma data.

Sobre a eventual apresentação de uma moção de censura ao Governo Regional minoritário, presidido pelo social-democrata Miguel Albuquerque, admitida pelo Chega, Ireneu Barreto admitiu que “tudo é possível em política”.

“Eu não posso garantir que não vá haver moções de rejeições, embora, se eu tenho estado a ler bem a situação, não vejo os partidos mais importantes da nossa região a propor moções de rejeição, vejo comissões de inquérito, etc, mas moções de rejeição os grandes partidos ainda não se pronunciaram sobre isso”, declarou.

“De qualquer modo, a Madeira neste momento tem um Governo para governar, nós precisamos de estabilidade, precisamos de sossegar as populações e dizer-lhes a elas que a região vai entrar agora na normalidade”, reforçou o representante da República.

Ireneu Barreto visitou hoje também o Comando Operacional da Madeira e à tarde desloca-se à Câmara Municipal de Câmara de Lobos e ao concelho da Ponta do Sol, dois dos municípios afetados pelo incêndio.

Estas visitas, frisou o representante, servem para agradecer aos elementos envolvidos no combate ao fogo, assim como a quem esteve a dirigi-los, e também para manifestar uma palavra de conforto e solidariedade às populações afetadas pelo incêndio.

O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana.

Hoje, ao fim de 13 dias, a proteção civil regional indicou que o fogo “está totalmente extinto”.

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.045 hectares de área ardida.

Durante os dias em que o fogo lavrou, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.

O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.

A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.