Na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, onde está a ser ouvida, Margarida Blasco afirmou que recebeu na sexta-feira o relatório da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) sobre os incêndios que assolaram as regiões norte e centro do país na terceira semana de setembro, provocando nove mortos e consumiram cerca de 135 mil hectares de floresta.
“No âmbito da Proteção Civil, terei de começar pelos grandes incêndios de setembro e, tal como já tinha anunciado, recebi o relatório final elaborado pela ANEPC, no final do passado dia 18 de outubro. Sendo um relatório técnico, carece de uma análise mais aprofundada antes de se retirar qualquer conclusão”, disse.
Quando esteve no parlamento em 09 de outubro, a ministra remeteu informações sobre os fogos para hoje quando estaria novamente na Assembleia da República para uma audição regimental e já teria o relatório final ANEPC) sobre “o que correu bem ou mal” nos incêndios de 2024.
Hoje aos deputados, a governante salientou que este relatório da ANEPC é técnico, sendo por isso enviado ao Sistema de Gestão Integrado de Incêndios Rurais, que funciona no âmbito da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF).
Segundo a ministra, é no âmbito deste sistema que “será feito o relatório de todas as vertentes, incluído todas as áreas de atuação e de todos os que integraram o dispositivo”.
Margarida Blasco espera que relatório da AGIF seja produzido “o mais rapidamente possível”.
”Só assim, com esse relatório, que poderei dizer global, se poderá refletir e aprofundar e continuar o robustecimento de todo o dispositivo”, sustentou, garantindo que será revisitado “todo o sistema de Proteção Civil, para o melhorar e robustecer”.
Sobre esta ausência de informações e do relatório prometido pela ministra, a deputada do PS Eunice Pereira frisou que “dá a sensação que a ministra quer passar pelos pingos da chuva ao adiar falar sobres eles”.
Apesar do relatório da ANEPC ser técnico, vai ser entregue aos deputados e a ministra avançou com alguns dados, designadamente que “as condições meteorológicas eram muito complexas e favoreciam o surgimento de grandes incêndios” e que “houve uma enorme preocupação em que o ataque inicial fosse eficaz de forma a conseguir extinguir o maior número de ignições nos primeiros momentos”.
“No entanto, sabemos que com a dispersão no território e a quantidade de ignições era impossível fazer mais. Os grandes incêndios controlam-se, não se extinguem. E isto é muito importante, para se perceber que com o dispositivo existente o objetivo era evitar perda de vidas, de bens e património”, sustentou.
O deputado do Chega Pedro Pinto acusou a ministra de ter desaparecido “uma semana nos incêndios” de setembro ao que Margarida Blasco respondeu: “Eu não estive desaparecida, estive no comando da ANEPC, foi necessário tomar uma série de decisões”.
“Andavam mal informados ou distraídos”, disse ainda.
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