Antes desta funcionalidade, o médico tinha de usar computador com leitor de cartão, para o cartão da Ordem dos Médicos ou cartão do cidadão. Agora, usa a chave móvel digital com valor de assinatura, o que permite que as receitas médicas sejam passadas pelo médico através do telemóvel e enviadas diretamente para um número de telemóvel ou e-mail do utente.
Este projeto vai ser explicado na “Portugal eHealth Summit”, a cimeira de tecnologia e saúde que decorre de hoje até sexta-feira em Lisboa, promovida pelo Ministério da Saúde, através dos SPMS.
“Vamos explicar melhor esse projeto, tentando sensibilizar as pessoas para a sua utilização”, disse o presidente dos SMPS, Henrique Martins, adiantando que “mais de 2.000 médicos já estão a utilizar a prescrição eletrónica no telemóvel”.
Dados dos SPMS indicam que só no ano passado foram prescritas mais de meio milhão de receitas manuais e no domicílio, com os antigos modelos de receita A5 em papel.
Também no setor privado há ainda cerca de três milhões de receitas prescritas manualmente, que resultam por vezes de contactos telefónicos que os doentes têm com os médicos ou de pedidos de prescrição posteriores a uma consulta presencial.
Através desta funcionalidade, Henrique Martins espera uma “diminuição muito grande” das receitas em papel passadas nos casos em que os médicos se deslocam a casa do doente.
Questionado sobre o registo eletrónico da vacinação, Henrique Martins disse que, neste momento, praticamente todas as pessoas que pretendam consultar o seu boletim de vacinas no portal do SNS (Serviço Nacional de Saúde) já o pode fazer.
O utente “pode descarregar o seu boletim de vacinas e andar com ele no seu telemóvel desde que tenha um smartphone”, explicou o presidente dos SPMS.
“É uma ferramenta que teve uma grande adesão. Posso dizer que diariamente mais de 1000 pessoas consultam o seu boletim de vacinas online”, vincou.
Também médicos e enfermeiros podem aceder a esse registo eletrónico das vacinas em qualquer unidade do Serviço Nacional de Saúde.
Na “Portugal eHealth Summit”, mais de trinta ‘start-up’ vão apresentar os seus projetos na área da saúde e essas tecnologias vão ficar disponíveis para os hospitais utilizarem, disse Henrique Martins.
A inteligência artificial e robótica na Medicina é um dos temas em debate na cimeira de tecnologia e saúde.
Um dos projetos que já está a ser trabalhado é o “Derm.AI – Utilização de Inteligência Artificial na Teledermatologia” que visa analisar fotografias da pele e ajudar a fazer uma avaliação prévia.
“Esta avaliação não dispensa a avaliação do médico, mas pode ajudar por exemplo a separar os casos como maior suspeita dos casos com menor suspeita”, disse Henrique Martins, sublinhando que é uma tecnologia onde a inteligência artificial pode ser muito potenciador do diagnóstico.
“Caracterizar e reduzir a prescrição inadequada de antibióticos” é outro projeto nesta área, que permite identificar padrões de prescrição com risco de antibióticos em excesso.
“Nós sabemos que certos padrões de prescrição podem estar mais associados a resistências e vai ajudar-nos a identificar quais são os médicos, os contextos (hospitalar, cuidados primários), em que podemos eventualmente fazer, por exemplo, uma intervenção e explicar melhor os riscos do uso de uma antibioterapia desadequada”, adiantou.
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