A campanha responde à declaração de um surto da doença pelo Maláui no passado dia 17 de fevereiro, o primeiro no país em 30 anos e o primeiro em África desde que a região foi certificada livre de poliovírus indígenas selvagens em 2020.
A primeira fase da campanha visa 9,4 milhões de crianças no Maláui, Moçambique, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué. Mais de 80 milhões de doses de vacinas orais serão administradas pelos profissionais de saúde no final do processo de imunização.
A campanha de vacinação massiva visa interromper a circulação do poliovírus através da imunização de todas as crianças com menos de 5 anos através de uma vacina oral contra a poliomielite, independentemente do estado de imunização anterior das crianças.
O objetivo, explica a OMS, é atingir crianças não imunizadas, ou apenas parcialmente protegidas, e aumentar a imunidade naquelas que foram imunizadas. “A imunização suplementar destina-se a completar – e não a substituir – a imunização de rotina”, sublinha a organização num comunicado hoje divulgado.
“Estamos a avançar rapidamente para travar este surto e extinguir a ameaça com vacinas eficazes”, afirmou a diretora regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África, Matshidiso Moeti, citada no texto. “A poliomielite é uma doença altamente infecciosa e intratável que pode causar paralisia permanente”, acrescentou a responsável.
A identificação do surto, que fez soar os sinais de alarme entre os especialistas de saúde pública da OMS, ocorreu no Maláui numa menina de três anos, que sofreu os primeiros sinais de paralisia em novembro de 2021.
Segundo a OMS, os testes mostraram que o caso detetado no Maláui está geneticamente ligado à estirpe identificada em outubro de 2019 na província de Sindh, no sul do Paquistão, um dos dois únicos países do mundo onde a doença é ainda endémica, juntamente com o Afeganistão.
Uma vez que se trata de um caso importado, África pode não vir a perder a certificação que obteve em agosto de 2020, quando a OMS declarou a região livre do poliovírus selvagem, quatro anos após o último caso ter sido detetado no nordeste da Nigéria.
Até agora, este foi sido o único caso detetado no Maláui, mas a OMS enviou equipas de vigilância para Lilongwe, a capital do país, e para outras cidades, nomeadamente Blantyre, Mzuzu e Zomba.
“A África já derrotou o poliovírus selvagem graças a um esforço monumental por parte dos países. Temos a experiência e estamos a trabalhar incansavelmente para assegurar que cada criança viva e prospere num continente livre de poliomielite”, afirmou Moeti.
A batalha contra o poliovírus selvagem começou em 1988, com uma resolução internacional para o erradicar até 2000, tarefa que tem sido especialmente difícil em partes de África afetadas por conflitos ou de difícil acesso às campanhas de imunização.
A poliomielite é uma doença infeciosa, causada por um vírus, que não tem cura, e cujos sintomas incluem febre, fadiga, vómitos, dores de cabeça, e pode causar paralisia dos membros em alguns casos.
Foi uma doença endémica em todo o mundo e causou um grande número de amputações e deficiências. Graças a uma vacina desenvolvida nos anos 50 do século 20, foi erradicada na Europa, Américas e África.
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