Em média, nos países da OCDE, 8,2% dos estudantes afirmaram que não comeram pelo menos uma vez por semana nos últimos 30 dias porque não havia dinheiro suficiente para comprar comida”, refere o relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) de 2022, no qual participaram cerca de 690 mil alunos de 81 países e economias.
O estudo da OCDE, que se realiza desde 2000, foca-se nos conhecimentos dos alunos a Matemática, Leitura e Ciências, mas também tem procurado analisar o bem-estar dos estudantes, tendo-lhes sido perguntado com que frequência não tinham comido por falta de dinheiro.
Em 2022, participaram 81 países, entre os quais Portugal, que levou quase sete mil estudantes de 224 escolas portuguesas a realizar as provas e a responder aos inquéritos.
No relatório, Portugal surge ao lado da Finlândia e dos Países Baixos como um dos três países da OCDE que registam as percentagens mais baixas de alunos que ficam sem comer: Portugal apresenta uma taxa de 2,6%; a Finlândia de 2,7% e os Países Baixos de 2,8%.
Por oposição, há países da OCDE onde a proporção de estudantes em situação de insegurança alimentar é superior a 10%.
Entre esses países estão o Reino Unido (10,5%), a Lituânia (11%), Estados Unidos (13%), Chile (13,1%), Colômbia (13,3%), Nova Zelândia (14,1%) e Turquia, onde quase um em cada cinco alunos ficou sem comer (19,3%).
Em 18 países e economias, mais de 20% dos estudantes declararam não comer pelo menos uma vez por semana devido à falta de dinheiro.
Em Baku (Azerbaijão), na Jamaica e nas Filipinas, mais de um terço dos estudantes referiu este facto, sendo o Camboja o caso mais dramático: mais de metade dos estudantes (67,8%) passa fome.
Os investigadores do PISA sublinham que os países em que, pelo menos, um quarto dos estudantes declararam não comer pelo menos uma vez por semana devido à falta de dinheiro foram os que tiveram piores desempenhos na prova de Matemática.
O relatório propõe por isso dez ações, incluindo construir “bases sólidas para aprendizagem e bem-estar para todos os alunos”, o que passa necessariamente pela garantia de que todos os estudantes se podem alimentar.
“Nenhum sistema proporcionou a todos os seus alunos as bases sólidas necessárias para a aprendizagem e o bem-estar, como a segurança alimentar”, sublinha o estudo.
O relatório hoje divulgado pela OCDE aponta também para o aumento de alunos imigrantes nas escolas portuguesas: A percentagem de imigrantes era de 7% no PISA 2018 e passou para 11% em 2022.
Em Portugal, assim como no Chipe, a maioria dos alunos estrangeiros que chegam às escolas têm pelo menos 12 anos, apenas 15% dizem respeito a bebés e crianças até aos cinco anos.
“Em média, nos países da OCDE no PISA 2022, a percentagem de estudantes imigrantes de primeira geração que chegaram ao país de acolhimento até aos 5 anos, ou antes, é de 34%, sendo 29% os que chegaram depois dos 12 anos”, refere o relatório, que apresenta como realidade contrária os casos da Grécia e do Cazaquistão, onde a maioria dos imigrantes (60) chega com menos de cinco anos e apenas 15% tem mais de 12 anos.
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