A iniciativa inédita na história do festival marca esta 71.ª edição, a primeira desde o escândalo Weinstein, o produtor de Hollywood acusado de assédio sexual e de violação por mais de uma centena de mulheres.
“Desafiamos os nossos governos e os nossos poderes públicos a aplicarem as leis sobre a igualdade salarial”, declarou a belga Agnès Varda, ao lado da australiana Cate Blanchett.
“Desafiamos as nossas instituições a organizarem ativamente a paridade e a transparência nas instâncias de decisão. (…) Pedimos equidade e diversidade real nos nossos ambientes profissionais”, disseram Varda e Blanchett, uma em francês e a outra em inglês.
Lembraram que 82 é o número de mulheres que competiram pela Palma de Ouro, o principal prémio do festival, desde a sua primeira edição em 1964, contra 1.688 homens.
Sublinharam igualmente que desde a criação do festival 71 realizadores receberam uma Palma de Ouro e apenas duas realizadoras obtiveram o prémio: Jane Campion, em 1993, com “O piano”, ex-aequo com o chinês Chen Kaige, e Agnès Varda, que recebeu uma Palma de Ouro de carreira em 2015.
“As mulheres não são minoritárias no mundo e a nossa indústria diz o contrário”, disseram ainda Cate Blanchett e Agnès Varda.
À sua volta encontravam-se Salma Hayek, Mation Cotillard, Jane Fonda, Claudia Cardinale, Julie Gayet e os membros femininos do júri.
O festival, que começou na terça-feira, enviou um primeiro sinal forte às mulheres, escolhendo um júri maioritariamente feminino.
A marcha simbólica foi organizada antes da projeção do filme “Filles do Soleil”, uma estreia da francesa Eva Husson, acerca de um batalhão curdo formado apenas por mulheres e que disputa a Palma de Ouro.
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