A concentração para o protesto começou às 10:00, na Pousada de Juventude de Viana do Castelo, com quatro presidentes de Câmara do PS (Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Paredes de Coura) e um do CDS-PP (Ponte de Lima) a unirem-se à manifestação contra os projetos de prospeção e pesquisa de lítio previstos para Serra d’Arga.
Todos “unidos” para dizer ao Governo “que as minas não compensam” comprometer “um património singular”.
“O valor que temos na Serra d’Arga é muito superior ao que poderá vir da exploração mineira. A preservação ambiental é um valor incalculável no futuro. Quem tiver paisagem, equilíbrio, biodiversidade tem um património inestimável que vai valer muito mais do que muitas minas”, disse o presidente da Câmara de Paredes de Coura, Vítor Paulo Pereira.
O protesto, organizado pelo Corema – Movimento de Defesa do Ambiente e Património do Alto Minho, o movimento em Defesa da Serra da Peneda e Soajo, o movimento SOS Serra d’ Arga, do distrito de Viana do Castelo, e o movimento SOS Terras do Cávado, de Barcelos, distrito de Braga, começou mais de meia hora depois a percorrer a avenida junto ao rio Lima.
Bombos, cantadores ao desafio, cavalos garranos, uma raça protegida devido ao risco de extinção e que é criado livre nas paisagens da Serra ‘Arga, movimentos e associações de todo o concelho e de várias regiões do país integram o desfile juntamente com mais de mil participantes.
“Fora da Serra que a Serra é nossa”, entoavam as vozes de Augusto Canário e Quim Barreiros numa versão ambiental do tema “Fora da Bouça” dos Cantares do Minho
O protesto terminará na Praça da República, ex-líbris da cidade de Viana do Castelo e palco de várias manifestações como por exemplo a concessão dos extintos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) ao grupo Martifer.
Com o lema “Minho Unido contra as Minas”, o protesto pretende “mostrar ao Governo que tudo será feito para impedir a concretização deste ataque” ao território e para exibir “a força do Minho e do Alto Minho, das populações, autarquias e associações de cinco concelhos dos distritos de Viana do Castelo e Braga”.
A ação foi convocada na sequência da abertura da consulta pública, iniciada pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) dois dias depois das eleições autárquicas de setembro, do relatório de avaliação ambiental preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio das oito potenciais áreas para lançamento de procedimento concursal.
O período de consulta, inicialmente previsto até 10 de novembro, foi prorrogado pela DGEG para 10 de dezembro, após a contestação de partidos políticos, autarquias e movimentos cívicos.
Entre as oito áreas previstas para integrar o concurso internacional para atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de lítio encontra-se uma área de perto de 25 mil hectares da Serra d’Arga, que abrange os concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Viana do Castelo e Ponte de Lima.
Em causa está uma serra que está atualmente em fase de classificação como Área de Paisagem Protegida de Interesse Regional, numa iniciativa conjunta daqueles quatro concelhos do distrito de Viana do Castelo para garantir a proteção daquele território de eventuais projetos de prospeção ou exploração de lítio e de outros minerais.
O relatório de avaliação ambiental preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio identificou “alguns riscos” nas oito potenciais áreas do Norte e Centro do país, reconhecendo ainda assim ser uma oportunidade para a “descarbonização da economia”.
De acordo com o relatório, o Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio (PPPLítio) “constitui uma oportunidade para que a sociedade e a economia evoluam para descarbonização da economia e prossigam a estratégia da transição energética”.
No relatório de avaliação ambiental preliminar foram analisadas as áreas: Arga (Viana do Castelo), Seixoso-Vieiros (Braga, Porto e Vila Real), Massueime (Guarda), Guarda — Mangualde (quatro zonas espalhadas por Guarda, Viseu, Castelo Branco e Coimbra) e Segura (Castelo Branco).
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