Localizado a 130 quilómetros de Luanda, aquele santuário católico recebe habitualmente mais de um milhão de fiéis na peregrinação anual que se realiza no primeiro fim de semana de setembro.
“A comuna da Muxima, neste ato, será todo um local de culto e portanto não vai acontecer propaganda política, neste local, durante este evento”, explicou o porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia Nacional, inspetor-chefe Mateus Rodrigues.
Embora sem avançar números sobre o policiamento envolvido, o responsável disse à Lusa que a operação de segurança montada no local movimentará “todas as especialidades” da Polícia Nacional, incluindo patrulhamento com meios da polícia marítima, por o rio Kwanza banhar o santuário da Muxima, e com um helicóptero.
A polícia angolana admite que a peregrinação possa juntar até 1,8 milhões de pessoas na pequena vila da Muxima, entre sábado e domingo, pelo que o patrulhamento visa acautelar a segurança na área e combater a sinistralidade rodoviária nas vias de acesso, além de “fazer cumprir a legislação eleitoral”.
“A lei proíbe a realização de atividade política ou de propaganda política em alguns locais e os locais de culto religioso são um desses locais. A Polícia Nacional vai estar lá para garantir que não haja violação a essa norma da legislação eleitoral”, disse ainda o inspetor-chefe Mateus Rodrigues.
A antecipação da maior peregrinação angolana foi acertada em abril, numa reunião entre o bispo da diocese de Viana, Luanda, Joaquim Ferreira Lopes, e o governo provincial da capital.
“Realizando a peregrinação nos dias 05 e 06 de agosto, todas as nossas populações ficam livres para se dedicarem à campanha eleitoral, nos últimos dias à reflexão e depois para estarem também livres e dispostos para irem às mesas de voto”, disse o bispo, após reunir-se em Luanda com o governador da província, general Higino Carneiro.
Apesar de a peregrinação, um dos mais importantes eventos promovidos pela Igreja Católica angolana, decorrer agora um mês mais cedo, o bispo Joaquim Ferreira Lopes garantiu que tudo vai decorrer “sem constrangimentos”.
O governo provincial de Luanda que assegura anualmente o apoio logístico a esta peregrinação até à vila da Muxima.
Aquela vila foi ocupada pelos portugueses em 1589, que dez anos depois construíram uma fortaleza e a igreja de Nossa Senhora da Conceição, também conhecida como “Mamã Muxima”, que na língua nacional quimbundu significa “coração”.
O atual templo tem apenas capacidade para 600 pessoas sentadas, insuficiente, por exemplo, para a peregrinação anual, que movimenta mais de um milhão de fiéis, que chegam ao santuário a pé, de carro, autocarro e até de barco.
Angola vai realizar eleições gerais a 23 de agosto deste ano, com seis formações políticas concorrentes – MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS, FNLA e APN – contando com 9.317.294 eleitores em condições de votar.
A campanha eleitoral em Angola decorre até 21 de agosto.
Nas eleições gerais são eleitos o parlamento, o Presidente da República e o vice-Presidente.
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