Em declarações aos jornalistas no bairro do Zambujal, na Amadora, onde se registam desacatos pela segunda noite, o superintendente Manuel Gonçalves referiu que ardeu um segundo autocarro fora deste bairro, na Portela de Carnaxide (Oeiras).
O superintendente Manuel Gonçalves apontou que os meios da PSP estão dispersos em vários pontos do concelho da Amadora e arredores, devido aos desacatos.
“Temos registo de várias comunicações falsas [para incêndios]. Apelo a todos que não entrem em brincadeiras e não desviem a atividade da polícia porque alguma pode ser verdade”, vincou.
O superintendente do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP (Cometlis) garantiu ainda que as forças policiais estão a investigar para encontrar os responsáveis pelos desacatos, recorrendo ao auxílio das imagens de videovigilância do concelho.
Ainda hoje, um autocarro ardeu no bairro do Zambujal na sequência das manifestações contra a morte de um homem naquele bairro, esta segunda-feira, após ser baleado por um agente da PSP. Os bombeiros combateram as chamas e no local está ainda o Corpo de Intervenção da PSP.
Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a direção nacional da PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigem uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias. De acordo com os relatos recolhidos no bairro pelo Vida Justa, o que houve foram “dois tiros num trabalhador desarmado”.
Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção-Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito urgente e também a PSP anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da ocorrência. O agente que baleou o homem foi entretanto constituído arguido, indicou fonte da Polícia Judiciária.
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