A manifestação, que decorreu sob forte vigilância da polícia, foi organizada pelo partido de extrema-direita FPÖ, apesar de o seu líder, Herbert Kickl, não ter estado presente na iniciativa, uma vez que testou positivo para o coronavírus SARS-CoV-2.
Entre os manifestantes houve quem tivesse feito uma viagem de seis horas para contestar as medidas mais recentes do executivo, como Katarina Gierscher, que, em declarações à AFP, revelou ter vindo desde a província do Tirol para apelar à resistência dos cidadãos e protestar contra medidas que dividem a sociedade.
“Não é correto que sejamos privados dos nossos direitos”, afirmou a professora de 42 anos, acrescentando: “O governo quer dividir-nos, temos de nos manter unidos”.
Depois de impor na segunda-feira um confinamento nacional apenas para os não vacinados (cerca de dois milhões de pessoas), o chanceler austríaco Alexander Schallenberg anunciou na sexta-feira que o confinamento iria estender-se a toda a população (cerca de 8,9 milhões de pessoas) até 13 de dezembro.
A partir de segunda-feira, não lhes será permitido sair de casa, exceto para ir às compras, praticar desporto ou para assistência médica. Apenas as escolas permanecerão abertas, mas os pais são encorajados a não as levar às aulas, que vão decorrer essencialmente em modo ‘online’.
O confinamento poderá ainda ser renovado para um máximo de 20 dias, caso o primeiro período não seja suficiente para diminuir os novos casos de infeções, referiu o chanceler, que admitiu ainda que este passo após quase dois anos de pandemia “é muito doloroso” e criticou as “forças políticas deste país que se opõem veementemente” à vacinação.
Apesar da sua relutância inicial, o governo irá também preparar uma lei para impor a vacinação à população adulta a partir de 1 de fevereiro de 2022. Aqueles que não cumprirem, enfrentarão sanções.
Num discurso televisivo, o presidente austríaco Alexander van der Bellen alertou que a sociedade estava em perigo de se tornar “ainda mais dividida” no futuro. “As próximas semanas vão exigir um grande esforço da nossa parte. Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para quebrar a quarta onda e impedir a próxima”, declarou.
Numa Europa que voltou a ser o epicentro da epidemia, os casos na Áustria atingiram níveis não vistos desde a primavera de 2020: o país registou mais de 10 mil novos casos de infeção por dia, enquanto a taxa de vacinação é de cerca de 66%, ou seja, inferior à média europeia.
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