“Será difícil que possam testemunhar cerimónia tão inesquecível como esta”, começou por notar Marcelo Rebelo de Sousa, dirigindo-se à plateia que assistiu hoje, na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, em Oeiras, à atribuição pela Universidade de Lisboa do doutoramento ‘Honoris Causa’ ao máximo representante desportivo nacional.
Estimando que José Manuel Constantino “viveu sempre como universitário”, o Presidente da República considerou que a cerimónia do ‘Honoris Causa’ foi “um dia de festa para a universidade”, mas também “um dia de festa para o desporto”, porque o presidente do COP “dedicou a sua paixão ao desporto”.
“A sua preocupação com o desporto foi muitíssimo mais além. O que publicou cobre praticamente todas as dimensões do desporto e, mais importante, influenciou o desporto português. O desporto português aprendeu consigo”, defendeu.
Presidente do COP desde 2013, Constantino, que nasceu em 21 de maio de 1950, em Santarém, e licenciou-se em Educação Física no Instituto Superior de Educação Física, tem um longo percurso ligado ao desporto, mas também à administração pública.
Entre os cargos exercidos, destacam-se a presidência da Confederação do Desporto de Portugal, entre 2000 e 2002, a presidência do Instituto do Desporto de Portugal, entre 2002 e 2005, e, por inerência, a presidência do Conselho Nacional Antidopagem e a presidência do Conselho Nacional Contra a Violência no Desporto.
“É também hoje uma festa do espírito olímpico, porque o desporto mudou também em Portugal pela sua mão, como porta-voz do espírito olímpico. Como compreendeu que espírito olímpico podia ser mais internacionalista, mais aberto, mais global, mais pacífico, mais tolerante, mais dialogante, mais democrático, mais pluralista, mais progressista”, prosseguiu o presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa vincou que José Manuel Constantino “tem tantas características excecionais que é difícil selecionar duas”, mas elegeu destacar “o caráter e o espírito progressista” do novo Doutor ‘Honoris Causa’.
“O caráter, às vezes, intratável. Ligeiramente intratável. Mas ainda bem que sim. O caráter sabendo enfrentar as situações mais difíceis com a mesma hombridade, a mesma verticalidade, e a mesma determinação. E, depois, o espírito progressista, sempre virado para o futuro”, enumerou.
Para o chefe de Estado, a cerimónia de hoje foi também uma festa de Portugal e de futuro, algo “raro, porque normalmente nos doutoramentos ‘Honoris Causa’ homenageia-se o passado”.
“Consigo é exatamente o contrário. Todos os dias se recria a si próprio. Todos os dias começa como se fosse o primeiro dia […] e define metas. E não faltam metas como o reconhecimento do desporto no meio público, de ir mais longe nas políticas públicas, não faltam até metas concretas olímpicas daqui a poucos meses. Espero que pense nelas, que nós pensamos e estamos descansados porque sabemos que está a pensar nelas”, sustentou, numa alusão aos Jogos Olímpicos Paris2024.
O Presidente da República garantiu que Portugal não libertará José Manuel Constantino, visivelmente debilitado por problemas de saúde, do seu futuro, e revelou que, “mais dia, menos dia”, o máximo dirigente desportivo nacional “não escapa” a outra condecoração. “Houve que guardar alguma a pensar no seu futuro”, acrescentou.
“Não pode descansar, nunca descansou na vida. A sua vida foi feita de canseiras ao serviço de Portugal. E, por isso, eu aqui estou para lhe agradecer, em nome de Portugal, esse passado de canseiras, mas apostar num futuro de canseiras que tem à sua frente”, concluiu.
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