Marcelo Rebelo de Sousa começou a mensagem de Ano Novo referindo que "Portugal é onde se encontra um português". E foi aos portugueses que agradeceu "os Portugais novos que criam dia após dias".
Na tradicional mensagem de Ano Novo, este ano transmitida em direto a partir da sua casa, em Cascais, Marcelo Rebelo de Sousa elegeu a palavra "reinvenção" como a "palavra de ordem" de 2018, depois de um ano "estranho e contraditório", marcado "sobretudo pelas tragédias dos incêndios".
Depois de identificar as "reconfortantes alegrias" e as "profundas tristezas" que dominaram o ano de 2017, o chefe de Estado falou do "futuro", exigindo que 2018 seja "o ano da reinvenção" que "é mais do que mera reconstrução material e espiritual".
"Reinvenção da confiança dos portugueses na sua segurança, que é mais do que estabilidade governativa, finanças sãs, crescente emprego, rendimentos. É ter a certeza de que, nos momentos críticos, as missões essenciais do Estado não falham nem se isentam de responsabilidades", exigiu.
O Presidente da República pediu uma "reinvenção com verdade, humildade, imaginação e consistência", que passe pela "redescoberta" de "vários Portugais, esquecidos, porque distantes, dos que, habitualmente, decidem, pelo voto, os destinos de todos".
Em seguida, Marcelo Rebelo de Sousa apontou vários desígnios para 2018, o primeiro dos quais "converter as tragédias" vividas no país em "razão mobilizadora de mudança, para que não subsistam como recordação de irrecuperável fracasso".
"Temos de afirmar nesta exigente frente de luta coletiva a mesma vontade de vencer que nos fez recusar a resignação de uma economia e de uma sociedade condenadas ao atraso e à estagnação. Temos de superar o que de menor nos divide para afirmar o que de maior nos une", declarou.
Segundo o chefe do Estado, a necessidade de reinvenção reflete a "palavra de ordem que vem do povo", do "mais sofrido, do mais sacrificado, do mais abnegado".
Referindo-se às tragédias dos incêndios, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que "se o ano tivesse terminado em 16 de junho, ou tivesse sido por mais seis meses exatamente como até então, poderíamos falar de uma experiência singular, constituída quase apenas por vitórias".
Porém, acrescentou, "um outro ano, bem diverso, se somou ao primeiro, a 17 de junho, dominou o verão e se adensou em 15 e 16 de outubro, marcado pela perplexidade em Tancos, o pesar no Funchal, o espectro da seca e, sobretudo, as tragédias dos incêndios".
E, frisou, as tragédias dos incêndios, por terem sido "tão brutalmente inesperadas e tão devastadoras em perdas humanas e comunitárias" acabaram por "largamente pesar no balanço de 2017".
"Tudo pondo à prova o melhor de nós - a resistência, o afeto, a iniciativa e a fraternidade militante, que levou mais longe ainda a nossa proverbial solidariedade", disse.
No que diz respeito a Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa refere "reconfortantes alegrias e profundas tristezas", com destaque para a morte de Mário Soares, a "chegada histórica do Papa Francisco a Fátima", a estabilização das finanças públicas, a economia e o emprego a crescer, Mário Centeno no Eurogrupo, o triunfo europeu de Portugal na Eurovisão e os êxitos nas artes, ciências e desporto.
No balanço que fez do ano passado, que classificou como "estranho e contraditório", Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que começou com a morte do histórico socialista Mário Soares e que, pelo lado positivo, com a passagem do papa Francisco por Portugal, em maio.
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