Em resposta a questões dos jornalistas, nas instalações da RTP, em Lisboa, depois de dar uma aula em direto para o projeto de ensino à distância #EstudoEmCasa, o chefe de Estado sustentou a História deve ser assumida como um todo e condenou a vandalização e destruição de estátuas, interrogando: "Isso traduz-se em quê?".
"Eu acho que a maneira de verdadeiramente lutar contra as discriminações, e concretamente contra o racismo ou a xenofobia, é criar condições hoje, e para o futuro, que reduzam essas desigualdades. Não é estar a destruir História, é fazer História diferente. É fazer História diferente, é aditar História diferente", afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que "o destruir a História é um exercício teoricamente muito fácil, mas que não vai, na prática, mudar as condições de vida daqueles que são discriminados, que são isolados", como os moradores do Bairro da Jamaica, no concelho do Seixal, distrito do Barreiro.
"Visitei as casas deles, conheço o que é a casa deles. Como visitei bairros que não são de minorias étnicas, onde há quem, pertencendo à maioria étnica portuguesa, viva em bairros assim. É combater isso, é acabar com esses bairros, isso é que é fundamental", contrapôs.
Marcelo considera "verdadeiramente imbecil" vandalização de estátua do padre António Vieira
"Quanto ao padre António Vieira, o que foi feito demonstrou, não só ignorância, como imbecilidade", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado manifestou-se contra a vandalização e destruição de estátuas, em geral, defendendo que a História deve ser assumida como um todo, e referiu-se em particular à estátua inaugurada em 2017 no Largo Trindade Coelho, em Lisboa, do padre António Vieira com três crianças ameríndias, onde na semana passada foi pintada a vermelho a palavra "descoloniza".
Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que "a ignorância pode não ser imbecil, pode ser uma ignorância bem-intencionada, pode ser uma ignorância negligente", mas que neste caso "é difícil não se saber que o padre António Vieira foi das grandes personalidades da História do país".
O Presidente da República acrescentou que o missionário jesuíta do século XVII "lutou pela independência, foi um grande diplomata, foi um homem progressista para aquela altura, perseguido pelos colonos portugueses no Brasil, perseguido pela corte, a certa altura, perseguido pela Inquisição".
"Foi um homem dos maiores escritores portugueses, foi o maior orador português", prosseguiu o chefe de Estado concluindo: "Portanto, para a sua época, este homem, que era um visionário, ser considerado um exemplo do que se quer destruir e demolir de memória, de testemunho da nossa História, é uma coisa imbecil, verdadeiramente imbecil".
(Notícia atualizada às 15:53)
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