Num discurso na 26.ª Cimeira Ibero-Americana, em Antigua, na Guatemala, Marcelo Rebelo de Sousa saudou os Presidentes do México, Peña Nieto, e do Brasil, Michel Temer, que estão em final de mandato, e apelou à defesa dos valores fundadores desta comunidade criada em 1991, considerando que "são mais importantes do que nunca".
"A democracia, os direitos humanos, a luta contra a corrupção, a agenda 2030, o desenvolvimento sustentável, o combate à pobreza, a justiça social, o apoio ao Acordo de Paris, o apoio aos pactos globais sobre migrações e refugiados, o papel da juventude, o papel e o empoderamento da mulher", elencou.
O chefe de Estado fez um discurso de cinco minutos, em português, mas dobrado em castelhano no centro de imprensa, em que começou por referir "como mudou o mundo em dois anos", desde a anterior cimeira, que decorreu em Cartagena das Índias, na Colômbia, em novembro de 2016.
"Na última cúpula, o mundo era bem diferente do que é hoje. Surgiu e sobe uma onda, que pode durar quatro a seis anos, num movimento pendular da história, de unilateralismo, de preferência pelo conflito, em vez da diplomacia, em vez do apoio às organizações internacionais, em vez da aplicação do direito internacional", disse.
"E vemos sinais de guerra comercial e de guerra financeira, com efeitos colaterais naqueles que não são os principais protagonistas", prosseguiu.
Dirigindo-se aos chefes de Estado e de Governo e outros representantes políticos dos 22 países ibero-americanos presentes em Antigua, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu: "É neste mundo que a nossa força é essencial".
"O desafio que temos é muito importante: reafirmar a atualidade da Declaração de Guadalajara [onde se realizou a primeira cimeira ibero-americana, em 1991], reafirmar a importância desta organização, o seu papel no diálogo no mundo, o seu papel na diplomacia, o seu papel no desenvolvimento económico, o seu papel a pensar nas novas gerações", afirmou.
Segundo o chefe de Estado, a declaração resultante desta cimeira da Guatemala “é um sinal para o mundo, é um sinal de que, para além dos chamados grandes protagonistas mundiais, há um grande protagonista mundial, que é o mundo ibero-americano".
Na sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa falou também das migrações como "um desafio deste tempo" e mencionou, a esse propósito, que "Portugal tem mais portugueses fora do território de Portugal do que dentro" e, por outro lado, "recebe milhares e milhares de irmãos ibero-americanos no seu território, a começar nos jovens universitários".
A declaração assinada em Guadalajara, no México, há 27 anos, pelos chefes de Estado e de Governo dos países ibero-americanos estabelece que esta comunidade "se apoia na democracia, no respeito aos direitos humanos e nas liberdades fundamentais", bem como no respeito direito internacional, e é a favor do diálogo e da solução negociada de conflitos, contra o uso da força.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, esta organização "baseada em dois continentes, com duas línguas mundiais", o castelhano e o português, "tem uma capacidade única de mobilização e de exemplo" e deve manter-se unida e solidária.
"E podemos e devemos aproveitar a celebração de cinco séculos de circum-navegação, com o papel de Magalhães e de Elcano, para, ultrapassando o passado, olharmos para o futuro", considerou.
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