O chefe de Estado, que anteriormente promoveu iniciativas com um formato semelhante com escritores e cientistas, para valorizar a leitura e a formação científica, lança agora o programa "Jornalistas no Palácio", dando destaque a um setor que considera essencial para a democracia portuguesa, disse à Lusa fonte da Presidência da República.
Marcelo Rebelo de Sousa esteve desde jovem ligado à comunicação social, como articulista, em cargos de direção ou como comentador, e enquanto Presidente da República tem expressado preocupação com as dificuldades do jornalismo em Portugal. Em janeiro de 2017, foi ao 4.º Congresso dos Jornalistas pedir-lhes que não desanimem e sejam "um anti-poder".
O programa "Jornalistas no Palácio" contará com a participação de José Alberto Carvalho, da TVI, Aura Miguel, da Rádio Renascença, Fátima Campos Ferreira, da RTP, e de Maria Flor Pedroso, que recentemente transitou da Antena 1 para assumir as funções de diretora na RTP.
Fernando Alves, da TSF, Rodrigo Guedes de Carvalho, da SIC, Manuel Carvalho, do Público, Eduardo Dâmaso, da Sábado, e Mafalda Anjos, da Visão, completam o leque de nove participantes que irão conversar com estudantes de vários pontos do país, com tema à escolha dos jornalistas.
Os alunos virão de concelhos do sul ao norte e do litoral ao interior, como Lagoa, Figueira da Foz, Barreiro, Portalegre, Mação e Porto, entre outros. O Presidente da República estará presente quando a agenda o permitir.
No seu primeiro ano de mandato, na entrega dos Prémios Gazeta, o chefe de Estado elogiou a "resistência" do jornalismo português numa conjuntura económica e financeira que descreveu como "particularmente difícil no mundo dos meios de comunicação social clássicos".
Na altura, novembro de 2016, manifestou "uma enorme saudade" dos tempos em que escreveu o primeiro artigo para a imprensa escrita, em 1965, de quando iniciou "a aventura do Expresso", em 1972, e de quando esteve na rádio e na televisão como comentador.
"Nunca tendo sido jornalista, acompanhei por dentro o que era ser-se jornalista. Não tive o talento de ser jornalista, mas estive muito próximo de quem demonstrou esse talento", afirmou.
Um ano mais tarde, na mesma cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa pintou com "cores escuras" o panorama do jornalismo português, considerando que o panorama se tinha agravado desde então.
"Saímos da crise das finanças públicas, ou estamos a sair, crescemos mais do que esperávamos, o emprego aumentou, mas mais alguns jornais morreram, ou sofreram agruras para sobreviver, jornalistas foram despedidos, as tiragens mirraram até valores inimagináveis, as rádios conheceram limitações enormes na sua viabilidade quotidiana, as televisões, elas próprias, enfrentam desafios muito complexos", descreveu, em novembro de 2017.
Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu a todos os que, "heroicamente, porque o heroísmo também se faz com a pena, a palavra e a imagem, teimam em manter viva e prestigiada a liberdade de imprensa em dias de aperto ou mesmo de sufoco".
O Presidente lembrou as suas "cinco décadas de acompanhamento próximo" do jornalismo, desde 1965, como "articulista, colaborador permanente, gestor, subdiretor, diretor adjunto, diretor, na imprensa" - no Expresso e no Semanário - e como comentador na rádio e na televisão.
Dirigindo-se aos jornalistas, acrescentou: "É crucial que a nossa democracia se revitalize, se rejuvenesça, se enriqueça, se qualifique, e tal só é possível com o vosso contributo decisivo".
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