O Presidente foi interpelado à entrada do Centro Cultural de Belém (CCB) quando se deslocava para a conferência "Da minha língua vê-se o mundo”, organizada pelo jornal Público no âmbito do seu 35º aniversário.

Onde anunciou que iria falar hoje, às 18h30, em Viseu depois do debate da moção de censura ao Governo apresentada pelo PCP.

"Este processo político que está em curso e entra agora numa nova fase é um processo muito curto, muito rápido", começou por dizer o Presidente da República.

Começou depois a fazer uma contextualização sobre este processo e as dúvidas suscitadas pela comunicação social e os protagonistas políticos.

"Houve as primeiras respostas do primeiro-ministro e, logo de seguida, no dia 18, é anunciada a moção de censura do partido Chega", lembrou.

"O primeiro-ministro pensa que esclareceu suficientemente. Há quem pense nos partidos da oposição que não. A democracia funciona assim", afirmou depois.

Sobre a votação que teve lugar hoje referiu: "vi o debate todo, incluindo a votação" e avança que o Conselho de Ministros se reunirá na sexta-feira para aprovar a moção.

Dando a moção entrada deve “muito provavelmente” ser agendada para quarta-feira e por isso o chefe de estado cancelou a sua visita de Estado à Estónia, que estava agendada para terça-feira. “Ninguém perceberá que esteja fora do território nacional, isto é muito mais importante”, avança.

"Não me vou pronunciar sobre as posições dos vários partidos políticos. Não me pronunciei em todo este processo - nem do Governo - e o processo continua em curso. Cada qual acaba por escolher o seu caminho, ponderar o seu caminho e ao longo do processo poder ter fases diferentes de posicionamento perante esse caminho", afirmou.

O Presidente da República esperará agora pelo debate da moção de confiança “e de duas uma”: ou é rejeitada, e “naturalmente” o convocará imediatamente os partidos políticos, se possível para o dia seguinte, e o Conselho de Estado ou para esse dia ou dois dias depois. Quer estabelecer “um calendário de intervenção o mais rápido possível”, apontando possíveis eleições antecipadas para “maio”.

Marcelo disse anda que "tem a obrigação de pensar no calendário" e lembrou que ainda há a moção de confiança: "Há uma moção a discutir. A votar".

"Dia 15 [de março] no caso eventual de haver eleições - mas temos de esperar pela rejeição [da moção] - a primeira data possível é algures entre 11 e 18 de maio", disse.

O Presidente da República disse também que cabe a cada partido “ponderar o seu caminho” e ao longo desse caminho pode ter “fases diferentes”.

O presidente diz que se sabe já que PSD e CDS foram “claros ao dizer que querem manter a mesma liderança numa eventual eleição”. “Foi o dado que saiu neste debate”, refere.

"Os portugueses não têm noção destes mecanismos políticos. É muito raro haver uma sucessão de duas moções de censura discutidas em 15 dias. E uma moção de confiança apresentada em cima da última moção de censura. É muita realidade política nova ao mesmo tempo para os portugueses que viviam um clima, essencialmente, de estabilidade", disse ainda o chefe de estado.

Questionado sobre se Luís Montenegro tinha legitimidade política para continuar no cargo de primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa disse: "Não vou agora estar no meio de um processo que envolve a Assembleia da República estar a questionar aquilo que neste momento é uma legitimidade baseada numa investidura realizada há um ano e tal, que durou até este momento, que passou dois testes, duas moções de censura e que toma a iniciativa de uma moção de confiança".

"A legitimidade decorre em termos parlamentares. Ou é questionada por uma censura ou por uma retirada de confiança", disse.