Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que está apenas “a aplicar a lei”, indo mais longe do que o seu antecessor, Cavaco Silva, que também teve uma consultora que foi candidata numas eleições e que só foi exonerada quando começou a campanha para as eleições europeias.
Agora, com Paulo Sande, cabeça de lista do Aliança nas europeias de maio de 2019, o Presidente da República afirmou que vai “mais longe”.
“Eu vou mais longe do que foi o presidente Cavaco Silva e portanto, neste caso, [Paulo Sande] suspenderá [funções na Presidência] no momento em formalizar a sua candidatura”, disse aos jornalistas, depois de assistir à missa, na Basílica da Estrela, em Lisboa, em memória de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, que morreram em 4 de dezembro na queda de um avião, em Lisboa.
Hoje, em declarações ao jornal i, o ex-secretário-geral adjunto do PSD João Montenegro afirmou que "Marcelo está a ser conivente com a estratégia de um partido político e isso é inaceitável no sistema político” atual.
Minutos depois, o líder do PSD, Rui Rio, também presente na missa, relativizou igualmente as polémicas em torno de Paulo Almeida Sande.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou que, na Presidência, tem como consultores um "dirigente nacional do PSD", uma "dirigente socialista da UGT", vários autarcas do PSD e do CDS-PP e até um assessor que está a colaborar com os centristas no programa eleitoral.
E, já quanto a candidaturas eleitorais, Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que serem consultores da Presidência da República "não é um óbice" para serem candidatos, por exemplo.
"Para não se limitar o direito de candidatura, ninguém pode ser prejudicado no seu vínculo profissional", insistiu o chefe de Estado, repetindo explicações que deu na segunda-feira.
Para o Presidente da República, trata-se de uma questão legal.
"Quando se aplica a lei, tem que se aplicar a lei. O que seria se o Presidente da República recusasse um direito previsto na lei? Ora vejam ao contrário", pediu.
Marcelo Rebelo de Sousa evitou ainda pronunciar-se, diretamente, sobre o que fará com o decreto-lei do Governo que prevê a recuperação do tempo de serviço prestado pelos professores para efeitos de carreira, admitindo apenas que o fará depois de analisar a proposta de Orçamento do Estado, que espera receber entre 17 e 18 de dezembro.
O Presidente da República e o líder social-democrata recordaram hoje Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, fundadores do PSD e do CDS, como exemplos de políticos antipopulismo.
Já o presidente da bancada do CDS, Nuno Magalhães, salientou o perfil de apego à democracia e recordou Adelino Amaro da Costa, “homem que fez tudo para que Portugal fosse uma democracia”.
“Para que pudéssemos exercer o poder popular, através do voto”, afirmou Nuno Magalhães.
Já Rebelo de Sousa e Rui Rio destacaram que tanto Sá Carneiro como Amaro da Costa simbolizam, em tempos de “focos de populismo”, o antipopulismo.
“Se há políticos antipopulistas eram Sá Carneiro Adelino Amaro da Costa”, que “recusavam a facilidade, a banalização, a utilização do sentimento na política”, como vão aparecendo por alguns países da Europa.
Rui Rio sublinhou que Sá Carneiro “simboliza o contrário do muito que está a acontecer na Europa” e que pode “chegar a Portugal” se não houver cuidado.
“É o expoente máximo do antipopulismo, da frontalidade, da clareza, nunca foi atrás do politicamente correto, da espuma dos dias”, afirmou.
Francisco Sá Carneiro, do PSD, e Adelino Amaro da Costa, do CDS, morreram em 04 de dezembro de 1980, na queda de uma avioneta em Camarate, quando partiram de Lisboa para um comício de campanha no Porto.
Inicialmente, o motivo da queda foi atribuído a um acidente, mas, anos mais tarde, após várias comissões parlamentares de inquérito, ganhou força a tese de atentado, nunca tendo sido incriminados os suspeitos da alegada sabotagem da aeronave.
[Notícia atualizada às 16h06]
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