"Eu acho que não se perdia nada em fazer a experiência piloto e ver a que conclusões é que se chega", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, durante um encontro com emigrantes e lusodescendentes, em Amesterdão, onde chegou hoje, para uma visita de Estado aos Países Baixos.

Antes, ao discursar neste encontro realizado na Associação Portuguesa de Amesterdão, o Presidente da República referiu que Tiago Soares, conselheiro das comunidades portuguesas, tem uma proposta de "ensaio do voto eletrónico nas próximas eleições presidenciais".

"Não sei o que é que o Governo pensa da ideia, mas, sobretudo a Assembleia da República, que tem a palavra decisiva", disse o chefe de Estado, que falava perante o ministro da Economia, Pedro Reis, e deputados de PSD, PS, Chega, IL e CDS-PP.

Questionado, a seguir, pela comunicação social, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que é "há muito tempo defensor" da introdução do voto eletrónico para os portugueses residentes no estrangeiro.

"Eu há muito tempo sou defensor de, primeiro, em vez de haver um sistema para cada tipo de eleição em que participam os portugueses que estão no estrangeiro, haver apenas um sistema, para ser menos confuso. Em segundo lugar, devíamos ensaiar, pelo menos ensaiar, o voto eletrónico que existe noutros países e ver quais são os problemas e as vantagens que tem", acrescentou.

Sobre a proposta de Tiago Soares, o Presidente da República adiantou que "a ideia dele é propor que isso seja experimentado em vários países diferentes, ou seja, nas comunidades portuguesas, em vários países diferentes, na Europa, na América do Norte, na América do Sul, na África, portanto, para se poder comparar".

No fim da sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que iria condecorar a Associação Portuguesa de Amesterdão (APA), criada há 40 anos, com o título de membro honorário da Ordem do Mérito.

O chefe de Estado, que ouviu Ana Maria Fortunato, da direção da APA, manifestar preocupação com a possibilidade de a associação ficar sem espaço físico em abril do próximo ano, prometeu falar do assunto à presidente da Câmara de Amesterdão, Femke Halsema.

"Eu vou tentar convencer a senhora presidente da Câmara, que realmente eu sei que tem com certeza problemas para resolver no domínio da habitação, mas que, no mínimo, podia adiar a saída uns meses, para dar tempo para encontrarmos espaço. No máximo, podia ajudar também ela a encontrarmos, em conjunto, espaço, porque o número de iniciativas, a importância das iniciativas que aqui desenvolvem exige este espaço, exige um espaço assim", considerou.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, este "é o único caso em que só há uma associação de portugueses num país do mundo".

"Mais, tanto quanto sei, ainda serve esta instalação para receber os nossos irmãos de língua portuguesa, brasileiros, angolanos, especialmente cabo-verdianos, que é uma comunidade irmã fortíssima aqui, e muitos outros", realçou.

De acordo com dados do Relatório da Emigração de 2023, mais de 4.500 portugueses emigraram em 2022 para os Países Baixos, que se tinham tornado o sexto destino da emigração portuguesa e onde residiam cerca de 28 mil pessoas com nacionalidade portuguesa.

A embaixadora de Portugal nos Países Baixos, Clara Nunes dos Santos, afirmou que há agora "quase 40 mil portugueses" a residir neste Estado-membro da União Europeia, enquanto o Presidente da República indicou que o número atual é de "37 mil" e que "só no ano passado chegaram cinco mil".