A obra foi publicada em 1972 por Maria Teresa Horta, conjuntamente com Maria Isabel Barreno (que faleceu em setembro de 2016) e Maria Velho da Costa, que morreu sábado em Lisboa, aos 81 anos, ficando as autoras conhecidas internacionalmente como “as três Marias”.
A morte de Maria Velho da Costa apanhou a escritora de surpresa: “Foi um choque muito grande, não estava à espera. Portugal perde uma grande escritora”, disse à Lusa Maria Teresa Horta.
Destacando a relação de amizade com Maria Velho da Costa, explicou que a obra literária permitiu um contacto entre as autoras que se tornou “numa relação para sempre”, face ao risco daquela “grande aventura literária” que diz ter proporcionado “laços fortes”, mesmo que nos últimos anos tenham tido pouco contacto.
A obra "Novas Cartas Portuguesas" denunciou a repressão e a censura do regime do Estado Novo, exaltando a condição feminina e a liberdade de valores para as mulheres, e valeu às três autoras um processo judicial, suspenso depois da revolução de 25 de Abril de 1974.
“A obra ficou na história não só de Portugal, mas também internacionalmente”, enalteceu Maria Teresa Horta, contando que as autoras prometeram, e cumpriram, nunca dizer que parte da obra cada uma escreveu.
Contou ainda sobre as vezes em que as três coautoras foram interrogadas e prestaram declarações em tribunal, e afirmou que só não foram presas por causa da revolução de 25 de abril de 1974.
No percurso literário, Maria Velho da Costa foi várias vezes premiada.
Em 1997, recebeu o Prémio Vergílio Ferreira pelo conjunto da obra literária, com o romance "Lúcialima" (1983) recebeu o Prémio D. Diniz, e o romance "Missa in albis" (1988) foi Prémio PEN de Novelística.
Com a coletânea "Dores" (1994) recebeu o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores (APE) e o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos Literários.
Em 2000, a APE atribuiu-lhe o Grande Prémio de Teatro por "Madame", e o Grande Prémio de Romance, por "Irene ou o contrato social".
O último romance que publicou, "Myra" (2008), valeu-lhe o Prémio PEN Clube de Novelística, o Prémio Máxima de Literatura, o Prémio Literário Correntes d’Escritas e o Grande Prémio de Literatura dst.
Em 2002 foi galardoada com o Prémio Camões, em 2003, foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2011, Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.
Em 2013 recebeu o Prémio Vida Literária, da APE, afirmando, no discurso de aceitação, que a literatura não é só "uma arte, um ofício", mas também "a palavra no tempo, na história, no apelo do entusiasmo do que pode ser lido ou ouvido, a busca da beleza ou da exatidão ou da graça do sentir".
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