“Maria Velho da Costa deixa-nos uma obra inovadora, que merece todos os leitores que venha a encontrar”, afirmou o primeiro-ministro numa mensagem na rede social ‘Twitter’.
Na publicação, António Costa salienta que “Maria Velho da Costa foi uma das “Três Marias” que ousaram reclamar, para as mulheres, a liberdade que lhes era devida” e acrescenta que, “sendo, ao mesmo tempo, manifesto e obra literária, “Novas Cartas Portuguesas” inscreve Portugal na história da luta pelos direitos das mulheres”.
“Escrita em conjunto com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, “Novas Cartas Portuguesas” antecipa a geração de escritoras que renovou a literatura portuguesa pós-1974″, considera o primeiro-ministro, numa outra publicação.
A obra foi publicada em 1972 por Maria Teresa Horta, conjuntamente com Maria Isabel Barreno (que faleceu em setembro de 2016) e Maria Velho da Costa, que morreu sábado em Lisboa, aos 81 anos, ficando as autoras conhecidas internacionalmente como “as três Marias”.
A obra “Novas Cartas Portuguesas” denunciou a repressão e a censura do regime do Estado Novo, exaltando a condição feminina e a liberdade de valores para as mulheres, e valeu às três autoras um processo judicial, suspenso depois da revolução de 25 de Abril de 1974.
No percurso literário, Maria Velho da Costa foi várias vezes premiada.
Em 1997, recebeu o Prémio Vergílio Ferreira pelo conjunto da obra literária, com o romance “Lúcialima” (1983) recebeu o Prémio D. Diniz, e o romance “Missa in albis” (1988) foi Prémio PEN de Novelística.
Com a coletânea “Dores” (1994) recebeu o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores (APE) e o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos Literários.
Em 2000, a APE atribuiu-lhe o Grande Prémio de Teatro por “Madame”, e o Grande Prémio de Romance, por “Irene ou o contrato social”.
O último romance que publicou, “Myra” (2008), valeu-lhe o Prémio PEN Clube de Novelística, o Prémio Máxima de Literatura, o Prémio Literário Correntes d’Escritas e o Grande Prémio de Literatura dst.
Em 2002 foi galardoada com o Prémio Camões, em 2003, foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2011, Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.
Em 2013 recebeu o Prémio Vida Literária, da APE, afirmando, no discurso de aceitação, que a literatura não é só “uma arte, um ofício”, mas também “a palavra no tempo, na história, no apelo do entusiasmo do que pode ser lido ou ouvido, a busca da beleza ou da exatidão ou da graça do sentir”.
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