A exposição, composta por 36 peças, “remete um pouco, mesmo a sua disposição, para esta sociedade de hoje em dia de excesso de informação, tudo é assim um bocado confuso, tudo tem leituras difíceis, tudo tem significados ambíguos”, afirmou o artista em declarações à agência Lusa.
O ponto de partida para a exposição, à qual Mário Belém dedicou nove meses – esteve “fechado num casulo a fazer as peças”, durante um período sabático -, são “as mensagens confusas”.
“Hoje em dia temos tantas formas para comunicar uns com os outros, cada vez mais, mas cada vez nos entendemos menos”, disse.
Mário Belém, que trabalhou vários anos como ilustrador digital e ‘designer’ gráfico tem “aversão” a telas, por isso, e aliado ao “fascínio pela madeira”, tenta “sempre trabalhar uns suportes um bocadinho diferentes”.
“São tudo peças recortadas em madeira, algumas têm camadas, outras têm outras camadas esculpidas e depois pinto sobre isso”, contou.
No caso dos trabalhos de “Conto Interrompido” tentou “que se assemelhassem ou que dessem a ideia de serem coisas publicitárias antigas”.
Os retratados nas peças são todos amigos de Mário Belém, entre os quais o ‘chef’ Ljubomir Stanisic, porque “vale muito mais a pena trabalhar com pessoas que se conhece”.
“Fiz fotografias muito simples com o telemóvel e trabalhei a partir daí. No caso especifico da peça do Ljubomir Stanisic precisava de uma letra que não fosse do nosso alfabeto e lembrei-me do alfabeto cirílico e que o ‘Ljubo’ é sérvio e parti daí”, referiu.
A essa peça deu o nome “Não fales línguas estranhas comigo”, mas “o título original é em sérvio”.
“Conto Interrompido” fica patente na galeria Underdogs, de entrada livre, até 13 de janeiro. A galeria estará encerrada de 24 de dezembro a 01 de janeiro.
A Underdogs é um projeto cultural, fundado pela francesa Pauline Foessel e pelo português Alexandre Farto (Vhils), que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, exposições dentro de portas, no n.º 56 da rua Fernando Palha, um antigo armazém recuperado e transformado em galeria, e a produção de edições artísticas originais.
A plataforma tem também uma loja, na rua da Cintura do Porto de Lisboa, e começou em 2015 a organizar visitas guiadas de Arte Urbana em Lisboa.
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