O nome de Mário Costa, Presidente Assembleia-Geral da Liga de Clubes e fundador da Bsports Academy até quarta-feira passada, tem estado no centro de uma investigação ao tráfico de seres humanos. Agora, noticía o Expresso, tentou pressionar a Ministra-Adjunta e dos Assuntos Parlamentares a acelerar o processo de vistos de atletas. De recordar que deste caso resultaram 47 vítimas.

A notícia foi confirmada pela própria Ministra, que diz ter tido uma reunião com o homem, que entretanto foi alvo de buscas do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) na última segunda-feira, aconteceu no dia 23 de janeiro. Mário Costa ter-se-á queixado das dificuldades administrativas na concessão de vistos, mas Ana Catarina Mendes diz ao semanário não ter cedido às pressões. Assegura ainda, aquele jornal, que a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto “não recebeu qualquer contacto, nem o tema foi objeto das reuniões do secretário de Estado com os órgãos da Liga Portugal”.

Também os vídeos da empresa Bsports Academy do ex-dirigente da Liga, que se demitiu na sequência desta investigação, tinham um selo do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, e a empresa terá recebido ter recebido um certificado de entidade formadora da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho.

Importa recordar que neste caso, está em causa as suspeitas de que 36 menores estrangeiros poderão ser vítimas de tráfico de seres humanos. Os atletas foram entretanto retirados de uma academia de futebol em Riba de Ave, concelho de Famalicão, e colocados em instituições de acolhimento, por ordem do tribunal. Na segunda-feira, o SEF promoveu buscas na referida academia de Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga, num contexto em que estará em causa o tráfico de seres humanos. Segundo fonte do SEF, foram identificados 114 futebolistas, dos quais cerca de 40 são menores e oriundos da América de Sul, África e Ásia e estarão todos em situação irregular no país. Aos jovens era-lhes prometido o sucesso desportivo, mas viviam presos, muitas vezes sem acesso a passaporte, e teriam que pagar entre €400 e €600.

As suspeitas de que algo de errado se passava na academia de futebol fundada por Mário Costa — que acabou por se afastar do cargo esta quarta-feira na sequência do escândalo — terão começado por uma queixa de familiares de um dos jovens atletas a uma representação diplomática no Extremo Oriente. As denúncias sobre um alegado esquema que terá lesado estes 47 jovens futebolistas (36 deles menores de idade) oriundos de países como Tailândia, Colômbia, México ou Brasil foram chegando aos ouvidos de procuradores do Ministério Público e de inspetores do SEF. Aos rapazes entre os 12 e 20 anos era-lhes prometido um contrato de trabalho com um clube de futebol português. Em troca, teriam de pagar entre €400 a €600 por mês para ficarem instalados na academia e receberem formação técnica.