Numa nova investigação publicada na revista "APL Bioengineering", os investigadores do Instituto Indiano de Ciência descrevem duas possibilidades que estão a explorar para fazer com que as vacinas sejam mais eficazes e construir superfícies que possam combater e matar o vírus por si mesmas.
"É importante não só em termos da covid", explica o autor Kaushik Chatterjee. "Temos visto o SARS, o MERS, a Ébola e muitas outras infeções virais que têm aparecido e desaparecido. É claro, a covid-19 fez uma reviravolta completamente diferente e queríamos ver como os biomateriais poderiam ser úteis", afirma.
Os biomateriais são materiais desenhados para interagir com outros sistemas biológicos de alguma maneira. Os exemplos incluem próteses de articulações, implantes dentários, malhas cirúrgicas e sistemas de administração de medicamentos.
A nanotecnologia, por sua vez, foca-se em construir pequenas estruturas e dispositivos a nível microscópico. É utilizada no campo da medicina para atacar células ou tecidos específicos.
É a combinação dos dois que poderia conduzir a vacinas mais eficazes contra os vírus. Se bem que algumas vacinas já são eficazes, os autores disseram que as nanopartículas baseadas em biomateriais poderiam algum dia usar-se para torná-las ainda mais fortes.
"É um meio para estimular as células imunitárias que produzem anticorpos durante a vacinação", diz a também autora Sushma Kumari. "É como uma ajuda, como uma preparação das células. No momento em que vem a proteína, as células são-lhe mais recetivas e segregam mais anticorpos”.
Ao mesmo tempo, os investigadores estão a estudar formas em que a tecnologia poderia ser usada para abrandar a propagação de vírus no mundo que nos rodeia. Atualmente, as técnicas utilizadas para desinfetar superfícies em lugares públicos, desde a limpeza convencional aos aerossóis e luz ultravioleta, podem requerer muito tempo e esforço. Por outro lado, as tecnologias emergentes da bioengenharia criariam superfícies antivirais que poderiam desinfetar-se por si mesmas.
"Como os vírus acabam como gotículas em várias superfícies, a pessoa seguinte que lhes toque poderia estar a contrair a doença", recorda Chatterjee. Ao colocar uma carga útil natural na superfície ou desenhá-la a nível nano num padrão hostil ao vírus, poderão criar-se máscaras faciais, fatos de EPI, camas de hospital, maçanetas de porta e outros itens que danifiquem ou destruam automaticamente um vírus.
Os autores advertem que esta investigação está no início e há muito trabalho por fazer para saber qual dos muitos biomateriais pode ser mais eficaz para combater os vírus — e é provável que a resposta para uma doença não seja a mesma para outras.
"Com sorte, esta revisão e este tipo de discussão farão com que os investigadores pensem em como usar conhecimento que já existe", expressa Chatterjee.
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