O comandante Elísio Pereira, oficial de operações da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), disse à Lusa que desde o início do dia até às 17:00 registaram-se 2203 ocorrências, das quais 1022 na região de Lisboa e Vale do Tejo, a mais afetada pela passagem da depressão Aline.
“Das 12:00 até às 13:30, a área mais afetada foi efetivamente Lisboa, sendo que a Grande Lisboa contabilizou 155 ocorrências, seguida do distrito de Setúbal com 67 ocorrências”, disse.
Nesta região, há registo em Loures de cinco pessoas que tiveram de ser retiradas de casa devido a inundações na baixa de Frielas, um concelho que foi também afetado por queda de árvores, sem causar vítimas, disse à agência Lusa o presidente da Câmara, Ricardo Leão. Segundo o autarca as cinco pessoas tiveram de ser retiradas para casa de familiares para limpeza das suas habitações após inundação na baixa de Frielas, o que é recorrente sempre que há fenómenos de chuva mais intensa.
Em Alcântara, uma das freguesias mais afetadas pelo mau tempo em dezembro de 2022, de acordo com o presidente da junta de freguesia, Davide Amado, hoje “choveu muito menos e em menos tempo, pelo que a situação foi mais ténue do que a vivida em dezembro passado”.
“Tivemos algumas inundações na Rua das Fontaínhas, na Rua 1.º de Maio e na Rua Fábrica da Pólvora. Houve dois restaurantes inundados, também, mas não tivemos conhecimento de danos maiores”, disse à Lusa.
Já no vizinho concelho de Oeiras, onde a chuva intensa e persistente que caiu em dezembro passado levou à morte de uma mulher, em Algés, também a depressão Aline não fez estragos de maior.
“Correu tudo bem, foi um grande alívio”, disse à Lusa o presidente da União das Freguesias de Algés, Linda-a-Velha e Cruz Quebrada-Dafundo, João Antunes, assumindo que “valeu a prevenção”.
Para o Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, em declarações no Centro de Coordenação Operacional Municipal, no Monsanto, “houve zero vítimas, zero desalojados e, portanto, houve um serviço de preparação muito bem feito pelos serviços da câmara, desde o início”, acrescentou o autarca, apontando como exemplos “a limpeza das sarjetas” e “dos sumidouros”.
O presidente da autarquia explicou que ocorreram inundações e quedas de árvores, mas a situação “não teve comparação com o evento do ano passado”.
“O pico daquilo que era a chuva, daquilo que era o vento já foi ultrapassado para hoje”, acrescentou Moedas, referindo que as indicações disponíveis apontavam para que “o pico” das condições atmosféricas extremas ocorresse “entre as 12:30 e as 14:30”, embora o dispositivo se mantenha operacional durante o resto do dia.
Entre as ocorrências, o autarca descreveu “uma situação em Chelas”, com duas pessoas auxiliadas para “sair de um carro”, alguns alunos com mobilidade reduzida da Escola Fernando Pessoa, nos Olivais, que também precisaram de ajuda, mas, frisou, “não houve assim uma situação de grande relevo”.
A Estrada da Pimenteira, no Monsanto, estava cortada, mas a autarquia iria “tentar abrir o mais depressa possível”, a Rua da Cidade do Porto, ao lado do aeroporto, também estava “condicionada” e “a Segunda Circular esteve condicionada na Rotunda do Relógio, mas já está funcional”.
Lumiar, Santa Maria Maior, Olivais e Rua da Prata, na Baixa, foram algumas das zonas mais afetadas pelo mau tempo, assim como Alcântara, também como algumas ocorrências.
“Todas as freguesias tiveram ocorrências, mas Alcântara desta vez esteve melhor. Ainda não falei com o presidente da junta, vou falar agora, mas penso que estávamos preparados, mas teremos sempre problemas em Alcântara, porque é onde tudo escorre, onde a água chega, e portanto é natural que hajam esses problemas”, vincou.
O presidente da câmara assegurou que o centro de operações “continua ativo” e, questionado sobre como resolver os problemas das cheias na cidade, afirmou que “a solução é o túnel de drenagem” e que tinha “orgulho de ter sido o presidente de câmara que iniciou” a obra de construção do túnel de cinco quilómetros até Santa Apolónia, estando também previsto outro entre Chelas e o Beato.
No mesmo período (00:00 e as 17:00), foram registadas 380 ocorrências na região Centro e 318 na região Norte, com “tendência para abrandar”, pois “verifica-se uma diminuição do número de ocorrências”, relacionadas principalmente com “inundações, limpeza de vias e quedas de árvores”, explicou.
“Não temos informação de qualquer registo vítimas", afirmou Elísio Pereira. “Das 12:00 às 13:30 houve um avolumar de ocorrências, depois elas têm aumentado, mas já com uma percentagem menor do que foi sentido à hora do almoço, que foi quando caiu a maior precipitação”, acrescentou.
Em Amarante, o caso mais gravoso foi a derrocada parcial de um muro junto à adega Moura Basto, que os serviços já resolveram.
A queda de algumas árvores também provocou cortes pontais de circulação em algumas estradas, situação que foi sendo resolvida ao longo da manhã, disse. Na cidade também houve algumas “inundações rápidas”, que obrigaram à intervenção dos bombeiros.
Apesar da chuva intensa das últimas horas, o rio Tâmega, que atravessa a cidade, encontra-se num nível que “não inspira preocupação de momento”, nomeadamente quanto à possibilidade e cheias urbanas, segundo a proteção civil municipal.
Outros rios de menor porte no concelho, como o Ovelha, Olo e Carneiro (afluentes do Tâmega), merecem maior atenção das autoridades, por haver alguns locais onde a água poderá atingir as margens se as condições do tempo se agravarem nas próximas horas. Os meios estão de prevenção, garantiu a fonte.
Em Penafiel, a situação mais grave ocorreu no campo da feira, nas proximidades do quartel da GNR, com a queda de algumas pedras de um muro, devido água que se acumulou no local, “felizmente sem provocar feridos ou danos matérias”, segundo fonte do município.
Em Milhundos, próximo do pavilhão da Agrival, uma estrada ficou danificada devido ao forte caudal das águas pluviais, mas mantém-se transitável e o local está sinalizado.
No resto do concelho há registo de algumas deslocações de terras, mas sem gravidade, que os meios técnicos da câmara estão no terreno a resolver, acrescentou a fonte.
Já em Paços de Ferreira, há registo de uma inundação numa rua de Freamunde, sem provocar danos, o que também ocorreu numa artéria, o que também ocorreu perto do pavilhão municipal, com queda de ramos de árvores, segundo a proteção civil, enquanto em Marco de Canaveses e Paredes registaram-se algumas inundações urbanas, sem gravidade.
O IPMA prevê para hoje, com a passagem da depressão Aline, vento de sudoeste, tornando-se gradualmente forte nas regiões Centro e Sul desde o início da manhã, com rajadas que poderão atingir os 110 quilómetros por hora (km/h), em especial no litoral a sul do Cabo Mondego e incluindo a costa sul do Algarve, e nas serras destas regiões.
O IPMA indica que localmente poderão ocorrer rajadas pontualmente superiores aos 110 km/h, bem como fenómenos extremos de vento.
Quanto à chuva, o IPMA já previa que se estendesse a todo o território a partir da madrugada, com início nas regiões do Norte e Centro, aumentando de frequência e intensidade a partir da manhã.
Com Lusa.
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