Num comunicado hoje divulgado, a tutela refere que “a ministra da Cultura, Graça Fonseca, entregou esta manhã a Medalha de Mérito Cultural a Artur do Cruzeiro Seixas”, tendo a cerimónia decorrido na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, “no âmbito das celebrações do centenário do nascimento do artista”.
Cruzeiro Seixas, “decano da arte portuguesa e um dos grandes nomes do surrealismo europeu”, completa 100 anos no dia 03 de dezembro.
O Ministério da Cultura considera que “a vida e obra de Cruzeiro Seixas representam um contributo incontestável para a cultura portuguesa”.
Na cerimónia de hoje, Graça Fonseca afirmou, citada no comunicado, que “mais do que a devida homenagem pública que estes gestos representam, é a cultura portuguesa que se eleva ao reconhecer aqueles que nela deixaram o seu registo inapagável, como Cruzeiro Seixas”.
Segundo a tutela, na mesma ocasião, Graça Fonseca disse a Cruzeiro Seixas que “a Medalha de Mérito Cultural constitui um reconhecimento institucional, mas é também um reconhecimento pessoal de alguém que se junta aos muitos que o admiram e que em si reconhecem um olhar que sempre viu mais longe e mais profundo”.
“O que hoje entregamos há muito era sabido por quem o leu e por quem observou o universo interminável da sua obra: que o seu é um dos grandes nomes da cultura portuguesa”, afirmou.
A Biblioteca Nacional de Portugal, onde decorreu a cerimónia, tem patente, até 31 de dezembro, a exposição “O Tempo das Imagens III”, realizada no âmbito do 35.º aniversário do Centro Português de Serigrafia (CPS), com 99 obras de 77 artistas e que inclui uma sala totalmente dedicada à obra de Cruzeiro Seixas.
Artur do Cruzeiro Seixas, nascido na Amadora em 03 de dezembro de 1929, ombreia com Mário Cesariny, Carlos Calvet e António Maria Lisboa, entre outros nomes iniciais, no ‘precurssionismo’ do surrealismo em Portugal, e é autor de um vasto trabalho no campo do desenho e pintura, mas também na poesia, escultura e objetos/escultura.
Está representado em coleções como as do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca Nacional de Portugal, Biblioteca de Tomar, Fundação Cupertino de Miranda, Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, Museu Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco, entre outros.
Em junho deste ano, foi editado o primeiro volume da “Obra Poética”, de Cruzeiro Seixas, em quatro volumes.
A “Obra Poética” é publicada no âmbito da coleção “Elogio da Sombra”, coordenada por Valter Hugo Mãe, para a Porto Editora, numa recolha organizada pela poetisa e escultora Isabel Meyrelles, outro nome do surrealismo português.
Os três primeiros volumes da obra poética de Cruzeiro Seixas reúnem poemas já publicados, nomeadamente pelas Edições Quási, mas que se encontravam esgotados no mercado, e o quarto, que encerrará o projeto, colige inéditos e dispersos, disse à agência Lusa fonte da editora.
O 2.º volume deve chegar à livrarias no final do ano e, o terceiro, “nos inícios de 2021″.
Até 19 de dezembro, está patente na Perve Galeria, em Lisboa, uma exposição dedicada ao centenário do nascimento de Cruzeiro Seixas, que participou numa mostra naquele espaço em 2006, em conjunto com os artistas Fernando José Francisco (1922-2008) e Mário Cesariny (1923-2006), seus companheiros do Grupo Surrealista de Lisboa, resultante da cisão do Movimento Surrealista Português, e participantes na primeira exposição d'”Os Surrealistas”, em 1949.
Esta exposição de 2006, viria a ser a derradeira mostra organizada em vida do poeta e artista plástico Mário Cesariny.
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