Os medicamentos para diabetes que têm sido utilizados para perda de peso estão preparados para revolucionar os cuidados de saúde, abrandando o processo de envelhecimento e permitindo que as pessoas vivam mais tempo e com melhor saúde, refere o The Guardian. Esta conclusão surgiu na apresentação de estudos na Conferência da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Londres.

Embora já se soubesse que o semaglutido reduzia o risco de morte em pessoas obesas ou com excesso de peso e com doenças cardiovasculares, os investigadores concluíram agora que as pessoas que tomaram medicamentos com esta substância morreram a uma taxa inferior — e não apenas por causas cardiovasculares.

"O semaglutido tem benefícios de grande alcance que vão para além do que inicialmente imaginámos", afirmou o professor Harlan Krumholz, da Faculdade de Medicina de Yale. "Não se trata apenas de evitar ataques cardíacos. Estes medicamentos são promotores de saúde. Não me surpreenderia que, ao melhorar a saúde das pessoas desta forma, o processo de envelhecimento fosse efetivamente retardado".

"A redução robusta das mortes não cardiovasculares e, em particular, das mortes por infecções, foi surpreendente", explicou Benjamin Scirica, professor de Harvard e autor principal de um dos estudos apresentados. "Estes resultados reforçam que o excesso de peso e a obesidade aumentam o risco de morte devido a muitas etiologias que podem ser modificadas com terapias como o semaglutido".

O Ozempic tem como substância ativa o semaglutido, que é usado principalmente no tratamento da diabetes tipo 2, pois ajuda a baixar os níveis de açúcar no sangue, reduzindo o risco de complicações cardiovasculares.

Apesar dos benefícios da substância no tratamento da diabetes, a OMS desaconselha o seu uso devido ao elevado custo do fármaco.

A substância revelou-se também eficaz na perda de peso em adultos obesos ou com excesso de peso com problemas de saúde associados, uma vez que suprime o apetite.

Segundo a OMS, desde o final de 2022 tem havido uma procura crescente do fármaco, especialmente desde que determinadas marcas foram aprovadas para a perda de peso em alguns países.

A Organização Mundial da Saúde avisa que a procura do medicamento para emagrecer não sendo satisfeita "está provavelmente" a levar à produção falsificada do fármaco.

Em Portugal, o Ozempic, autorizado e comparticipado para o tratamento da diabetes de tipo 2, esgotou-se em finais de 2023 devido à sua prescrição para a perda de peso.