“Concordo com a posição do Governo. Acho que o Panteão não deve ter essa utilização, o Governo vai tomar medidas, concordo com elas”, afirmou o autarca, à margem da comemoração dos 75 anos do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
Questionado sobre se sabia do jantar de sexta-feira, Medina referiu não gerir o Panteão, acrescentou que não sabia e devolveu a pergunta aos jornalistas sobre se o presidente da câmara devia saber tudo o que se passa na cidade.
A polémica sobre este assunto surgiu após a divulgação de informações nas redes sociais sobre um jantar exclusivo com convidados da Web Summit na nave central do Panteão Nacional, em Lisboa.
Denominado 'Founders Summit', o evento decorreu na sexta-feira, um dia depois do encerramento da cimeira tecnológica e de inovação, cuja realização continuará em 2018, com a possibilidade de mais dois anos.
A realização do jantar no monumento funerário de destacadas personalidades nacionais resultou, durante o fim de semana, em diversas reações, incluindo do próprio fundador da Web Summit, o irlandês Paddy Cosgrave, que pediu desculpas “por qualquer ofensa causada”, garantindo num breve depoimento escrito que o evento, “conduzido com respeito”, respeitou as regras do local.
O Governo, através do gabinete do primeiro-ministro, classificou, no sábado, a utilização do espaço do Panteão Nacional para a realização do referido jantar como “absolutamente indigna”, referindo que tal utilização estava enquadrada legalmente através de um despacho proferido pelo anterior executivo PSD/CDS-PP.
O Correio da Manhã noticiou hoje a realização de uma festa no Panteão pela Associação de Turismo de Lisboa (ATL), “tutelada por [António] Costa”, com o diretor-geral da entidade a confirmar hoje que, em 2013, houve um evento dentro do Panteão, “que estava no mercado” e foi pago o aluguer.
Também questionado à margem do aniversário do aeroporto, Vítor Costa, manifestou-se surpreendido pela “leitura política que estavam a fazer”, ao envolverem o primeiro-ministro enquanto presidente não executivo da ATL.
Segundo o responsável, “é completamente falso” que António Costa tenha tido conhecimento da utilização do Panteão em 2013, por nem sequer ter como função saber do evento.
O dirigente frisou que “não é a direção não executiva e muito menos o presidente da Câmara, que tem sido o presidente [da ATL] por inerência, que decide menus de jantares ou localizações”.
Essas decisões são da “exclusiva responsabilidade dos serviços da ATL”, sublinhou.
“O juízo sobre a utilização desse espaço [Panteão] para fins laterais ou complementares ao património é da responsabilidade de quem o gere”, afirmou Vítor Costa, acrescentando que as “questões, a filosofia geral, os princípios, a dignidade ou a menor dignidade tem que ser feita por quem disponibiliza os monumentos” e que a ATL neste processo é cliente.
A associação “realiza, por vezes, centenas ou milhares de ações promocionais por ano, e utiliza monumentos, alugando-os normalmente e para promover o próprio monumento, muitas vezes, e também a cidade”.
No fim de semana, o Governo também anunciou que iria proceder à alteração da lei "para que situações semelhantes não voltem a repetir-se, violando a história, a memória coletiva e os símbolos nacionais".
Opção que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou ser "muito sensata".
Os vários partidos com assento parlamentar também reagiram à polémica.
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