A situação do Europaradise levou hoje o PCP a questionar o ministério do Ambiente, defendendo os comunistas que o Governo se empenhe na busca de soluções que permitam a reabertura do parque zoológico e a preservação da vida e condições de habitabilidade dos cerca de 400 animais ali alojados.
À agência Lusa, Agostinho Pedro, proprietário do Europaradise, estimou os prejuízos em cerca de meio milhão de euros, que não estavam cobertos pelo seguro: “Não tínhamos seguro contra catástrofes naturais”, admitiu.
O parque, inaugurado há 20 anos, tem cerca de 50 hectares e está instalado numa antiga quinta que, de acordo com Agostinho Pedro, pertenceu, há séculos, a uma especialista em botânica da nobreza espanhola, que ali plantou diversas espécies da flora mediterrânica.
“Temos dos sobreiros mais velhos do país e pinheiros com 300 ou 400 anos, troncos com três ou quatro metros de diâmetro, que partiram pela base”, revelou o proprietário.
A queda de centenas de árvores no espaço florestal do Europaradise bloqueou os caminhos pedonais e destruiu abrigos e instalações de animais, matando alguns.
“Tivemos algumas perdas, mas podia ter sido muito pior. Houve árvores que caíram em cima de animais, morreram gamos, dois macacos e avestruzes”, indicou.
Nos dias seguintes à tempestade de 13 de outubro, o proprietário do Europaradise teve a ajuda de militares do Exército e de meios da Proteção Civil municipal de Montemor-o-Velho, que “ajudaram à limpeza e desobstrução dos caminhos”, mas também a reerguer vedações e garantir as condições de segurança do parque zoológico, que, entre os animais selvagens ali existentes, possui dois tigres-de-Bengala.
Agostinho Pedro frisou que desde a tempestade já foram retirados do Europaradise “cerca de 300 toneladas de detritos”, que foram colocados no parque de estacionamento daquele espaço, a aguardar remoção definitiva.
O parque mantém-se encerrado ao público, ainda sem data de reabertura, embora o proprietário gostasse de voltar a abrir as portas ainda este ano.
“Gostava que fosse ainda este ano, mas não está fácil, temos de garantir a segurança quer dos animais, quer de quem nos vem visitar e há pernadas [de árvores] ainda penduradas que podem cair. E não temos apoios, temos de andar a fazer tudo sozinhos”, lamentou.
Em declarações à Lusa, Emílio Torrão, autarca de Montemor-o-Velho, afirmou que a autarquia não tem meios legais para subsidiar ou apoiar o Europaradise, já que se trata de uma empresa comercial.
“Do ponto de vista legal, não temos enquadramento, com Leslie ou sem Leslie”, disse o autarca, admitindo que o parque zoológico necessita de apoio financeiro regular, que a autarquia não pode legalmente satisfazer.
Hoje, o grupo parlamentar do PCP na Assembleia da República anunciou ter endereçado uma pergunta dirigida ao ministério do Ambiente sobre a situação do parque zoológico, reclamando soluções para a sua reabertura e manutenção.
Na pergunta, a deputada Ana Mesquita assinala que o Europaradise “acolhe cerca de 400 animais selvagens, alguns deles espécies raras e duas delas únicas em cativeiro no mundo” e que a tempestade Leslie “deixou um rastro de destruição desolador, com dezenas de árvores tombadas, alojamentos de animais destruídos e caminhos interditados”.
“A não recuperação desta unidade representa uma perda importante para a população, uma vez que traz ao concelho milhares de visitantes por ano e coloca em risco as cerca de quatro centenas de animais ali alojados”, enfatiza o PCP.
No texto, a deputada Ana Mesquita pergunta se o Governo tem conhecimento da situação do Europaradise, como a avalia, levando em conta os animais ali alojados e que medidas de apoio e acompanhamento pretende tomar.
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