“Até ao momento, o naufrágio de um barco em La Restinga causou sete mortos: quatro mulheres, uma menor de 16 anos e duas meninas de 5 anos “, revelou o serviço 112 Canárias perto das 13h30 locais (12h30 em Lisboa).

Os serviços de emergência e resgate continuam a trabalhar no local, o cais do porto La Restritrnga, na ilha El Hierro, acrescentou o 112 Canárias.

A embarcação precária, conhecida em Espanha como ‘patera’ ou ‘cayuco’, virou-se quando chegava ao porto e no momento em que se aproximou um barco de resgate com equipas de socorro.

O naufrágio, filmado pela televisão pública espanhola RTVE, ocorreu quando as pessoas a bordo se movimentaram todas para um dos lados da embarcação, que se virou com o desequilíbrio de peso, desencadeando o pânico entre os migrantes.

O arquipélago espanhol das Canárias, localizado no Atlântico, é uma das rotas usadas por migrantes que querem entrar na Europa de forma irregular, a partir da costa ocidental africana.

Segundo a organização não-governamental (ONG) Caminando Fronteras, morreram 10.457 pessoas no mar no ano passado a tentar chegar a Espanha, 93% das quais na rota atlântica para as ilhas Canárias, que “continua a ser a mais letal a nível mundial”.

A Caminando Fronteras elabora anualmente um relatório sobre os migrantes que morrem no mar a tentar chegar a Espanha, com base em dados oficiais e de associações de comunidades migrantes, assim como testemunhos e denúncias tanto das comunidades como de famílias de desaparecidos, seguindo metodologias usadas pelas ONG para contabilizar vítimas em diversos pontos do mundo, como acontece na fronteira entre o México e os Estados Unidos.

Espanha aproximou-se em 2024 do número recorde de chegadas irregulares de migrantes que o país atingiu há seis anos, com 63.970 entradas, um aumento de 12,5% face a 2023, segundo o Ministério da Administração Interna espanhol.

Em 2018, o país atingiu um máximo histórico de entradas irregulares: 64.298.

No ano passado, a maior parte das entradas foi feita por via marítima e dessas a grande maioria, 73% do total, foi feita pela rota das Ilhas Canárias, através da qual cerca de 46.843 pessoas tentaram alcançar território espanhol, mais 17% do que no ano anterior.

Segundo dados oficiais, o número de chegadas de migrantes este ano às Canárias diminuiu 35% comparando com os mesmos meses de 2024.

O presidente do governo regional das Canárias, Fernando Clavijo, disse hoje, a propósito do naufrágio em El Hierro, que “a impotência é grande”.

Clavijo tem apelado à ajuda europeia e à solidariedade das restantes regiões autónomas espanholas para responder à chegada de migrantes às Canárias, sobretudo, para o acolhimento de milhares de menores de idade que chegam às ilhas sozinhos, não acompanhados por um adulto.

Na segunda e na terça-feira, uma delegação de eurodeputados de diversos partidos esteve nas Canárias e reuniu-se com as autoridades locais, para avaliar a situação no terreno.

No final da visita, o líder da delegação, Javier Zarzalejos (Partido Popular Europeu, PPE), falou numa “calma tensa” nas últimas semanas nas Canárias, atendendo à diminuição da chegada de ‘pateras’ e ‘cayucos’, e sublinhou as melhorias nas infraestruturas e meios de resposta e atenção aos migrantes, mas reconheceu que “são necessários esforços suplementares para reforçar os procedimentos de acompanhamento, incluindo os procedimentos de asilo e de retorno”.

Zarzalejos acrescentou que a aplicação do novo Pacto sobre Asilo e Migração da União Europeia (UE) “exige o reforço da cooperação e da coordenação”, incluindo “para assegurar que todos os controlos necessários sejam efetuados de forma adequada e no pleno respeito dos direitos fundamentais”.

“A delegação reafirma a importância do apoio da UE para ajudar El Hierro e as Ilhas Canárias a gerir eficazmente estes desafios”, disse o eurodeputado, citado num comunicado do Parlamento Europeu.