Esta noite, o PSD venceu pela 12.ª vez consecutiva as eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira, mas pela primeira vez desde 1976 não conseguiu garantir a maioria absoluta.
Por isso, àquele que chegou a ser considerado o ‘delfim’ de Alberto João Jardim, mas que acabou por entrar em ‘rota de colisão’ com o histórico dirigente social-democrata antes de o suceder na liderança do partido e do executivo madeirense, caberá agora a responsabilidade de negociar acordos ou entendimentos que permitam governar com alguma estabilidade nos próximos quatro anos.
Miguel Albuquerque nasceu em 04 de maio de 1961 no Funchal e, conforme já revelou, foi educado pelos avós, numa “infância bastante feliz”, passada numa quinta. No verão, ele e o irmão trabalhavam em restaurantes e outros locais, não porque a família tivesse dificuldades financeiras, mas porque fazia parte da educação ter “a escola da vida”.
Nessa educação entrava também a música. Aos 16 anos já tocava piano em hotéis durante as férias e ainda hoje tem uma banda com um grupo de amigos, a Velhos Hotéis.
Depois de passar por Lisboa para tirar a licenciatura em Direito, Miguel Albuquerque regressou à Madeira, onde exerceu advocacia entre 1986 e 1992, com escritório aberto no Funchal, sendo considerado especialista nas áreas de Direito Criminal e de Família.
Paralelamente, começava também a dar os primeiros passos na política, estreando-se em 1986 no Movimento de Apoio a Mário Soares nas presidenciais desse ano.
Dois anos mais tarde foi eleito deputado regional nas listas do PSD e reeleito quatro anos mais tarde. Nesse período, chegou também à liderança da JSD/Madeira, em 1990, cargo que ocupou durante dois anos, sendo depois eleito secretário-geral adjunto do PSD/Madeira (1992-1995).
Em 1993 abandonou a advocacia para concorrer como número dois na lista do PSD/Madeira à Câmara Municipal do Funchal encabeçada por Vergílio Pereira, que substituiu no ano seguinte depois de o autarca se ter demitido em “rota de colisão” com o presidente do Governo Regional devido a divergências sobre as transferências para o município.
Só viria a abandonar a presidência da Câmara do Funchal devido à lei de limitação de mandatos, em 2013, depois de vencer com maioria as autárquicas de 1998, 2001, 2005 e 2009. Nessa altura regressou à advocacia, dedicando-se à área do Direito Empresarial.
Enquanto esteve à frente do maior município madeirense foi igualmente presidente da Associação dos Municípios da Madeira (1994-2002), vice-presidente do PSD/Madeira e responsável pelo conselho de jurisdição da estrutura regional do partido, cargo a que renunciou, em abril de 2011, por discordar com a linha política seguida.
Foi, aliás, no final do seu mandato na presidência da Câmara do Funchal que o clima de crispação com o então presidente do Governo Regional e do PSD/Madeira se acentuou, com Miguel Albuquerque a ser o primeiro a questionar a liderança de 40 anos de Alberto João Jardim, numas eleições diretas disputadas em 2012, das quais saiu derrotado por 142 votos.
Antes, em 2010, já tinha contrariado a preferência da estrutura regional por Paulo Rangel na corrida à liderança do PSD nacional, apoiando Pedro Passos Coelho.
Em dezembro de 2014 voltou a concorrer à liderança do PSD/Madeira, apresentando-se como um dos seis candidatos à sucessão de Jardim. Depois da vitória na primeira volta com 47,2% dos votos, na segunda volta alcançou 64%, tomando posse como presidente dos sociais-democratas madeirenses em 10 de janeiro de 2015.
Chegou depois à presidência do Governo Regional da Madeira em 20 de abril de 2015, após vencer com maioria absoluta as regionais de 29 de março. “Foi um processo natural chegar ao governo, achei que tinha condições para o fazer”, disse recentemente num programa televisivo.
À política foi juntando ao longo dos anos outras paixões, como por peças em porcelana ou, a mais conhecida de todas, pelas rosas. Ainda hoje continua ligado a um dos maiores roseirais da Europa, na zona norte da ilha da Madeira, com uma coleção com cerca de 17 mil roseiras de mais de 1.700 espécies. O gosto pela horticultura já levou mesmo a que seja considerado “o chefe dos jardineiros da Quinta da Vigia”, a residência oficial do presidente do Governo Regional.
Pai de seis filhos, a mais nova com três anos e mais velha com 28, e avô de duas netas, Miguel Albuquerque é considerado pelos amigos como “um bom garfo”, mas continua a não dispensar as corridas matinais diárias na Avenida do Mar.
O gosto pelo desporto vem, aliás, de longe, do tempo em que batia recordes regionais de natação e treinava nas piscinas dos hotéis, por falta de infraestruturas desportivas.
“Aprendi uma coisa na natação muito importante que foi a autodisciplina, aquela ideia do treino, de ter horas marcadas para as coisas, do sacrifício, da persistência, da determinação”, revelou Miguel Albuquerque numa entrevista, confessando que ainda hoje esses ensinamentos lhe são úteis na política.
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