"A maioria destas mil pessoas que se tinham deslocado para a Europa em turismo ou viagens de negócios, cerca de 600 eram passageiros de companhias aéreas europeias e destes 90% eram da Ibéria. Os restantes tinham passagens de companhias de países terceiros, como por exemplo, Cabo Verde ou Marrocos", afirmou à Lusa o ministro conselheiro da embaixada do Brasil em Lisboa, Luciano Andrade.
Para estas mil pessoas “não tem sido fácil conseguir acomodação em voos de outras companhias aéreas, até porque são poucos os que existem e estão cheios” e “as vagas que têm são em lugares com um custo mais elevado", acrescentou.
Por enquanto, "ainda tem havido lugares em abrigos, hostels e albergues" para estas pessoas que "têm ficado” por aqui, referiu o diplomata, mas não se sabe até quando, e alguns destes cidadãos brasileiros estão em situação vulnerável, também porque os recursos começam a escassear, apesar dos apoios que têm estado a ser dados por parte da embaixada, assegurou.
Neste contexto de pandemia e com as alternativas de viagens a escassearem, o diplomata admitiu que a embaixada tem estado em contacto com as autoridade do Brasil, no sentido de encontrar uma solução tão rápida quanto possível para estes cidadãos que querem regressar quanto antes ao país, admitindo que a possibilidade de repatriamento está em cima da mesa, embora apenas como uma hipótese.
O diplomata já tinha lembrado, em declarações anteriores à Lusa que, antes da pandemia da covid-19, havia um total de 60 voos por semana de Lisboa para vários destinos do Brasil.
Mas, nestas últimas semanas, os voos comerciais não têm ido além de cinco.
Isto tem criado dificuldades ao regresso de muitos brasileiros que se encontravam no país em turismo quando começaram a ser tomadas medidas de prevenção e combate contra a propagação do novo coronavírus, quer em Portugal quer noutros Estados europeus, nomeadamente em Espanha, que para muitos foi destino escolhido para entrarem de viagem na Europa, e depois no Brasil.
"Mas a atitude de algumas companhias aéreas também não foi a melhor", criticou na altura Luciano Mazza de Andrade.
A embaixada do Brasil em Lisboa criou uma equipa “de 25 pessoas" para dar resposta aos milhares de turistas brasileiros que se encontravam em Portugal, e "em contacto com autoridades portuguesas e brasileiras, bem como com operadoras e companhias aéreas tem conseguido fazer com que o repatriamento se faça, apesar das dificuldades", referiu.
Os serviços da embaixada, no entanto, só prestam apoio, não oferecem ajuda financeira ao repatriamento.
"Os custos da viagem cabem às operadoras e companhias aéreas", porque foram as entidades a quem as pessoas compraram os bilhetes, defendeu também na altura o ministro conselheiro.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 791 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 38 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 163 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com quase 439 mil infetados e mais de 27.500 mortos, é aquele onde se regista atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 11.591 mortos em 101.739 casos confirmados até segunda-feira.
A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 8.189, entre 94.417 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos da América são o que tem maior número de infetados (164.610).
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