Na capital francesa, segundo estimativa dos organizadores, “75 mil pessoas” marcharam a pedido de mais de 200 associações, organizações não-governamentais (ONG) e sindicatos.
No resto da França, foram contabilizados 14 mil manifestantes em 41 concentrações, segundo uma fonte policial, citada pela agência France-Presse.
Associações feministas, sindicatos e ONG denunciam o “feminismo de fachada” da extrema-direita, acusações rejeitadas pela União Nacional (RN, na sigla em francês), que critica as “caricaturas”.
“Quando vejo a história do partido, não podemos dizer que defende as mulheres. Devemos lembrar que foram eles que falaram do aborto de conforto, que atacam constantemente o ‘Planning Familial’ [Planeamento Familiar]”, associação que luta pelo direito à contraceção e ao aborto, denunciou Morgane Legras, 28 anos, ativista e engenheira nuclear, na marcha em Paris.
Stéphanie, de 51 anos, que “nunca costuma manifestar-se”, mobilizou-se face a “uma ameaça real”.
O “alerta feminista” foi materializado simbolicamente por um alarme e apitos acionados pelas manifestantes, muitas vestidas de roxo, cor emblemática do feminismo.
“Cada vez que a extrema-direita chega ao poder em algum lugar, ataca o direito ao aborto, não vejo por que haveria uma exceção francesa”, disse a presidente da ‘Planning Familial, Sarah Durocher, à comunicação social.
Destacada nas sondagens, a RN denunciou esta semana “caricaturas” e “mentiras”. Num vídeo dirigido a “todas as mulheres em França”, o seu presidente, Jordan Bardella, acusou na terça-feira “a extrema-esquerda” de “assumir o monopólio dos direitos das mulheres”.
O partido é atualmente liderado por Jordan Bardella, mas mantém presente a figura de Marine Le Pen, considerada a líder da extrema-direita francesa.
Uma sondagem divulgada na sexta-feira atribui à União Nacional 250 a 300 deputados na futura Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento francês), o que representaria um cenário entre a maioria relativa e a maioria absoluta (289 mandatos).
A decisão de Macron de convocar eleições legislativas antecipadas após o fracasso do seu partido, Renascimento, nas eleições europeias em 9 de junho contra a União Nacional, que obteve o dobro dos votos, foi criticada até dentro do seu campo político.
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