No final da “Marcha do milhão contra a corrupção”, o coletivo Marcha Verde, que surgiu em janeiro de 2017 após as revelações envolvendo a empresa brasileira, e que convocou este protesto, leu um manifesto em que anunciou o seu compromisso “para acabar de uma vez e para sempre com a delinquência política e os seus aliados económicos, empresariais e militares nas instituições”.
Os manifestantes pediram também que os responsáveis que geriram e beneficiaram dos contratos entre o Estado e a Odebrecht “sejam devidamente julgados e condenados, começando pelo Presidente [dominicano], Danilo Medina”.
A construtora confessou ter pagado 92 milhões de dólares (mais de 80 milhões de euros) em subornos para que lhe fossem adjudicadas obras na República Dominicana, entre 2001 e 2014.
A Marcha Verde acusou Medina, o seu antecessor, Leonel Fernández, e a cúpula do Partido da Libertação Dominicana (PLD, no poder) de serem “os principais artífices e responsáveis na atualidade do regime de roubo dos recursos públicos”.
Medina e Fernandes, que preside ao PLD, “controlam de forma antidemocrática as instituições judiciárias, os tribunais e importantes meios de comunicação do país para evitar que se faça justiça no caso Odebrecht e em outros casos importantes”, disse o coletivo.
Neste sentido, considerou que Medina, que na próxima quinta-feira chega ao segundo ano do seu segundo mandato presidencial, deve ser submetido a um julgamento político e a uma investigação penal independente para que responda por estes casos.
Exibindo bandeiras e cartazes em que se podiam ler mensagens como “O fim da impunidade” ou “Os ladrões na prisão”, a marcha decorreu sem incidentes e num ambiente familiar e festivo, segundo os organizadores.
Na República Dominicana, “há um milhão de razões para marchar, lutar e vencer e corrupção e impunidade”, disse à agência espanhola, Efe, a professora María Teresa Cabrera, membro da comissão organizadora do grupo, que desde janeiro de 2017 tem realizado várias manifestações com milhares de participantes.
Cabrera voltou a questionar a posição do Ministério Público no caso Odebrecht, que, na sua opinião, ignora o período “em que se pagou mais de 67% dos subornos”, e deixa de fora outros envolvidos, entre os quais deputados.
A marcha contou com o apoio de diversas organizações sociais e de partidos políticos, entre os quais o Partido Revolucionário Moderno (PRM, principal da oposição).
Na semana passada, começou uma audiência preliminar contra os sete acusados de receber os subornos da Odebrecht, mas decidiu adiar as sessões até 21 de agosto para que o Ministério Público entregue as provas que diz ter reunido contra os acusados.
Os acusados são os ex-presidentes do Senado Andrés Bautista e Jesús Vásquez, ambos do PRM; o empresário Ángel Rondón, acusado de distribuir o dinheiro; o senador Tommy Galán, do PLD, e o seu colega de partido e antigo ministro das Obras Públicas Víctor Díaz Rúa; o advogado Conrado Pittaluga, suposto testa-de-ferro do ex-governante, e ainda o antigo senador Roberto Rodríguez (PRM).
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