"Haverá muitos acordos diretos de empresa para empresa e de Estado para empresa, no caso da Embraer (...) e na agenda do Presidente Lula [da Silva]", afirmou Luciana Santos, admitindo exportação para países europeus de aeronaves da empresa.
Isto, além de uma cimeira que "é retomada" e de esta ser a primeira visita do Presidente Lula da Silva à Europa, salientou.
A ministra especificou que a Embraer é uma empresa privada, que tem uma parceria com o Finep (fundo de financiamento), e também com o Ministério da Defesa, mas "é uma parceria de iniciativa privada".
Porém, continua a "ser muito estratégica porque é um património brasileiro" que possibilitou ao Brasil "ser o terceiro produtor de aviões, de defesa e comercial, do mundo". E "é uma indústria de ponta", reforçou.
“O objetivo é agregar cada vez mais valor a essa empresa de inteligência brasileira e a gente poder abrir o mercado dessa potência que nós temos, para fazer acordos de interesse nacional", sublinhou.
Quanto ao acordo aeroespacial que irá ser assinado entre os dois países, referiu que este "não tem um objeto concreto". "É uma cooperação que visa trocar experiências num domínio em que nós temos experiência, que evolve construção de satélites, plataformas multiusos", apontou.
Por isso, "será muito abrangente", até por permitir desenvolver tecnologias.
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou hoje a Lisboa para uma visita oficial a Portugal, com uma agenda intensa, que inclui uma cimeira luso-brasileira, com assuntos da comunidade imigrante em debate, mas também com um negócio aeronáutico no horizonte.
Segundo declarações de uma fonte do executivo brasileiro à Lusa, a possibilidade de exportação do avião KC-390, que já é produzido pela Embraer em Portugal, para outros países da União Europeia vai ser um dos assuntos em discussão entre os dois governos, durante a vista oficial do Presidente brasileiro.
Na cimeira luso-brasileira, que decorre no sábado à tarde, constará um capítulo "dedicado aos assuntos da comunidade imigrante do país em Portugal", disse à Lusa a mesma fonte.
No programa haverá também um capítulo económico, muito virado para como incentivar as trocas comerciais entre os dois países e ainda um outro dedicado à agenda internacional e de política externa, onde o caminho para a assinatura do Acordo União Europeia-Mercosul estará em debate, com a questão da guerra Rússia-Ucrânia pendente, adiantou a mesma fonte.
Lula da Silva estará em Portugal até 25 de abril, com uma delegação com um “número expressivo”, com vários ministros, entre os quais da Cultura, Transportes, Saúde, Defesa, Ciência e Tecnologia, Igualdade Racial e Direitos Humanos e da Cidadania.
O programa da visita divulgado começa no sábado, com uma cerimónia de boas-vindas com honras militares na Praça do Império, em Lisboa, seguida de uma outra breve cerimónia no interior do Mosteiro dos Jerónimos, com deposição de coroa de flores no túmulo de Luís de Camões.
Depois, o chefe de Estado brasileiro reúne-se com o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, a que se segue um encontro ampliado de delegações e um almoço com o primeiro-ministro português.
À tarde decorre um dos momentos altos da agenda, a 13.ª cimeira luso-brasileira, no Centro Cultural de Belém e a meio da tarde serão assinados pelo menos oito dos 10 protocolos entre os dois países, segundo foi comunicado na quarta-feira numa conferência de imprensa em Brasília, entre os quais alguns nas áreas da educação, ciência, energia, saúde, cartas de condução, geologia, mineração, entre outros.
O dia termina com um jantar de Estado oferecido pelo Presidente português no Palácio da Ajuda.
Na segunda-feira, 24 de abril, Luís Inácio Lula da Silva, que tomou posse pela terceira vez como Presidente do Brasil em janeiro deste ano – após vencer eleições renhidas em outubro de 2022 contra o antigo chefe de Estado Jair Bolosonaro - irá para Matosinhos, no Porto, onde participa no Fórum Empresarial Portugal-Brasil.
No evento prevê-se que estejam presentes cerca de 150 empresários portugueses e brasileiros com o objetivo de expandir o comercio bilateral em áreas como energia, mobilidade, tecnologia, inovação e saúde.
Neste encontro será ainda assinado um novo protocolo de entendimento entre a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e a sua congénere Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
O regresso a Lisboa será feito, no dia seguinte, a bordo de um KC-390, produzido pela Embraer, com importantes investimentos em Portugal, e à qual o Estado comprou recentemente cinco daqueles aviões.
Na chegada a Lisboa, o líder brasileiro irá às OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, em Alverca, controlada pela Embraer e à tarde cumprirá outro dos momentos altos do programa: No Palácio de Queluz entrega o Prémio Camões, de 2019, ao cantor e escritor brasileiro Chico Buarque.
A entrega do Prémio Camões 2019 tem sido atribulada, pois já antes do adiamento devido à pandemia, em outubro daquele ano, cinco meses depois de ser conhecido o vencedor, o então Presidente brasileiro Jair Bolsonaro deixou claro que poderia não assinar o diploma de atribuição do prémio.
No dia 25 de abril está programada para as 10:00 uma “sessão solene” em homenagem ao Presidente Lula da Silva, que “antecede as celebrações do 25 de Abril”, na qual o Presidente brasileiro fará um discurso.
Mas Lula da Silva já não deverá marcar presença na sessão solene das celebrações do 25 de Abril, pois segue depois para Madrid com uma agenda que incluiu reuniões com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, Filipe VI de Espanha e ainda um fórum empresarial.
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