Em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, hoje divulgada, Constança Urbano de Sousa, responde desta forma à pergunta se pensa demitir-se caso esta comissão, proposta pelo PSD e aceite pelo Governo, determinar que houve responsabilidades da tutela.
“Tiraremos as devidas ilações e eu tirarei naturalmente as devidas ilações. Agora, neste momento, eu acho que é muito prematuro estar aqui a seguir pelo caminho que é fácil, era o caminho mais fácil a seguir, ia satisfazer uma certa apetência que alguns têm pelo sangue, se quisermos. Mas ia resolver algum problema?”, questiona a ministra.
Na longa entrevista, Constança Urbano de Sousa afirma que a demissão seria “a solução mais fácil para si”, mas defende que, “numa altura em que o país precisa de tantas respostas, em que o país necessita de regressar à normalidade”, é preciso “ter também a coragem para enfrentar os problemas”.
“Eu sei que o acontecimento foi trágico e a via mais fácil seria encontrar um culpado, resolvia-se o problema dizendo: pronto, a ministra demitiu-se e o problema está resolvido”, mas é preciso “perceber perfeitamente aquilo que aconteceu”.
“Infelizmente nós não conseguimos por uma arte mágica sabê-lo de um momento para o outro, é necessário obter muita informação, é necessário analisá-la, é necessário cruzá-la e de muitas fontes, não é um processo simples e linear”, sustenta.
Por outro lado, salienta, Portugal tem “um período muito difícil pela frente, a época de incêndios” e o sistema de proteção civil tem de funcionar para “enfrentar as duras batalhas” que podem acontecer nos próximos meses.
“Portanto isso [a demissão] seria estar neste momento também a fragilizar [a estrutura]”, remata.
A ministra destaca também a investigação que já está a decorrer, nomeadamente um inquérito do Ministério Público, para averiguar a causa das 64 mortes e dos mais de 200 feridos nos incêndios de grandes dimensões que atingiram a região centro.
“É uma tragédia que temos que lamentar, com causas que têm que ser averiguadas. Temos de saber o que é que causou aquelas mortes, se houve negligência, se não houve. Portanto, é um processo que está neste momento em curso”, frisa.
Paralelamente, adiantou: “Estamos a pedir muita informação e a coligir muita informação dispersa por várias entidades que operaram naquele terreno, de forma a podermos analisá-la, cruzá-la e tirar ilações que não sejam precipitadas. Isso é um trabalho que não se faz, infelizmente, de um dia para o outro”.
Também é preciso perceber de “uma forma muito aprofundada”, e de um ponto de vista científico, o fenómeno que causou o incêndio, disse a ministra.
Nesse sentido, o Governo apoia “incondicionalmente a constituição de uma comissão técnica especializada da Assembleia da República que, com transparência e independência” possa também dar “melhores respostas e boas respostas” sobre o que aconteceu.
“Essa resposta tem que ser dada de forma cabal e não pode ser dada de forma parcelar ou de forma intermitente. As coisas têm o seu tempo e não podemos estar aqui neste clima, se quisermos, de um processo de caça às bruxas para tentar encontrar culpados”, defende.
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