"Há coisas que são raras, como, por exemplo, a visita da sua filha à Alemanha, que é tratada praticamente como um assunto mundano, quando a confusão da política com a família e a gestão lembra mais o nepotismo, algo inimaginável" na Alemanha, declarou o ministro social-democrata numa entrevista publicada este sábado pelo grupo de imprensa regional Funke.
Gabriel referia-se à visita a Berlim, na última semana, de Ivanka Trump, assessora do seu pai na Casa Branca, para participar num debate sobre o lugar das mulheres na economia, respondendo, assim, a um convite da chanceler conservadora, Angela Merkel.
"Sempre me incomodou quando membros da família, que nunca foram eleitos (pelo voto), chegam de repente como convidados oficiais do Estado e são tratados praticamente como se fossem parte de uma família real", acrescentou Gabriel.
De uma forma geral, depois de 100 dias da presidência Trump, Gabriel considerou que a situação melhorou, após um início preocupante, mas continua sem ser boa.
Num tom mais diplomático, a chanceler alemã estimou, noutra entrevista publicada este sábado ao grupo de imprensa Medsack, ter "desenvolvido uma boa relação de trabalho" com Donald Trump, "o que claramente não exclui pontos de vista diferentes".
Os dois líderes divergem especialmente na questão dos gastos militares no seio da NATO. A administração Trump também criticou várias vezes o superavit comercial da Alemanha.
"Estamos orgulhosos de que os nossos produtos sejam procurados por todo o mundo. É também a nossa exigência para a qual muitas pessoas trabalham", indicou este sábado a líder alemã, sem mencionar Trump.
Donald Trump ameaça com medidas protecionistas, especialmente no que diz respeito a países como a Alemanha. Apesar disso, na sua entrevista concedida ao grupo de imprensa Madsack, Merkel disse "não descartar que as negociações com os Estados Unidos sobre um tratado de livre comércio sejam retomadas um dia".
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