Na sua intervenção durante as 11ªs jornadas de infecciologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), na qual foi apresentado um filme sobre a hepatite C, Adalberto Campos Fernandes dirigiu-se a José Carlos Saldanha para agradecer a sua intervenção que antecedeu a distribuição de um medicamento que já curou milhares de doentes.
Em fevereiro de 2015, José Carlos Saldanha assistiu a uma audição de Paulo Macedo, o ministro da Saúde na altura, na Comissão Parlamentar da Saúde e no final interrompeu os trabalhos para pedir ao governante que não o deixasse morrer.
Este doente, tal como outros milhares em Portugal, tinha experimentado vários tratamentos, com resultados pouco animadores e inúmeros efeitos adversos, e esperava por um medicamento inovador que atingia uma percentagem de cura superior a 90%, mas que ainda não estava disponível para todos os doentes em Portugal.
Na altura, a tutela e o laboratório responsável estavam em negociações para o preço a acertar e José Carlos Saldanha até se tinha oferecido para pagar metade do tratamento.
O impacto da intervenção deste doente, registada e difundida pela comunicação social, foi imenso e dias depois o ministro Paulo Macedo anunciou que tinha chegado a acordo com o laboratório e que todos os doentes que necessitassem iam receber o tratamento.
“A coragem do José Carlos Saldanha foi que, nessa altura, ele fez bem o que era obrigação dele – afrontar o poder político, mas também o que era a sua obrigação, que é afrontar o poder económico”, disse Adalberto Campos Fernandes, dirigindo-se ao doente que se encontrava na plateia.
Para o ministro, “não vale a pena, sobre esta matéria, tecer ou deixar cair lágrimas de crocodilo”, pois “somos todos responsáveis”.
“Quem vende medicamentos a preços que são inaceitavelmente diferentes entre continentes e entre países tem de perceber que não vale a pena, não é justo, nem é sério que se utilize o sofrimento dos doentes”, referiu.
Adalberto Campos Fernandes considera que quem produz e quem fixa preços “tem de perceber que a responsabilidade social não é exclusiva dos políticos, é exclusiva de todos e que os Estados não são apenas passadores de cheques nem de financiamento, porque doentes em Portugal não existem apenas, infelizmente, os com hepatite C”.
“Parabéns José Carlos Saldanha, fica o país grato por aquilo que você fez e precisamos de ter em Portugal mais pessoas capazes de exigir à política e à economia as respostas que necessariamente tem que ter”, concluiu.
Através do tratamento inovador contra a hepatite C, cuja administração foi reclamada por José Carlos Saldanha, foram evitados, no primeiro ano de aplicação, 3.477 mortes prematuras e 339 transplantes hepáticos.
Segundo o relatório sobre as hepatites virais em 2016 e início de 2017, graças a esta terapêutica o Estado poupou 271,4 milhões de euros com tratamentos das consequências da evolução da doença.
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