“A raiz do problema está em 2% da produção de carne do Brasil. Conheço esta área, minha região (Estado do Rio Grande do Sul) tem grandes frigoríficos e é um trabalho muito bem feito, muito bem cuidado e fiscalizado”, disse à Lusa o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário do Brasil, Osmar Terra.
O ministro fez estas declarações à Lusa, em Lisboa, à margem do V Seminário Luso-Brasileiro de Direito, que se realiza entre hoje e quinta-feira.
“O facto de haver 1 ou 2% que não foram bem fiscalizados não tira a qualidade da carne, do produto brasileiro. (O problema) está circunscrito a estes frigoríficos (que foram alvo da ação das autoridades brasileiras). Foi feito um levantamento geral e, agora, tudo está sendo revisto e não se encontrou mais nada”, garantiu Osmar Terra.
Um grande escândalo envolvendo empresas brasileiras veio a público em março, após a Polícia Federal ter realizado uma grande operação – denominada Carne Fraca – contra empresas que supostamente subornavam funcionários públicos para vender carne ilegal, sem fiscalização e até mesmo produtos estragados.
Entre as empresas investigadas estão a multinacional BRF, a Seara (do grupo JBS), o Grupo Peccin e a Frigorífico Souza Ramos.
“Há 63 pessoas envolvidas com os frigoríficos que foram denunciados e a justiça vai agir. O Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo e tem uma carne de excelente qualidade”, sublinhou Terra.
A carne brasileira é exportada para mais de 150 países, com mercados principais como Arábia Saudita, China, Singapura, Japão, Rússia, Holanda e Itália. Vários países suspenderam, na altura, parcialmente ou totalmente a importação do produto brasileiro.
As vendas de carne de aves em 2016 atingiram 5,9 mil milhões de dólares (5,4 mil milhões de euros na cotação de hoje) e de carne bovina 4,3 mil milhões de dólares (4 mil milhões de euros), segundo dados do Governo brasileiro.
Sobre as questões de âmbito social, o ministro disse que o Governo brasileiro está preocupado em distribuir apoios financeiros a quem realmente necessita.
“O Governo, na área do desenvolvimento social, está preocupado em garantir que quem realmente precisa receba a transferência de rendimento, que receba os benefícios da área social (Bolsa Família e outros apoios)”, declarou.
De acordo com Terra, “havia muitos casos – tanto do Bolsa Família, benefícios de prestação continuada, do INSS (segurança social) e do auxílio doença – fora de controlo”.
“Montámos mecanismos bastante complexos de controlo e estamos a fazer um levantamento. Só na área do auxílio doença podemos chegar a oito mil milhões de reais (2,4 mil milhões de euros) ou 10 mil milhões de reais (3,1 mil milhões de euros) que estavam a ser pagos indevidamente. Mais de um milhão e cem mil de famílias saíram do programa Bolsa Família porque não tinham razão de estar. Estavam recebendo de forma indevida”, sublinhou.
De acordo com o ministro, está a fazer-se “um levantamento para colocar os recursos onde são mais necessários”.
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