Segundo Eduardo Cabrita, os municípios “devem olhar para toda a atração de investimento como uma prioridade da atividade local”, mas também “para a valorização daquilo que é uma ligação tradicional” com os investidores da diáspora.
“Isto é, trazer de volta a segunda, a terceira geração para o local onde têm raízes, provando que esses locais também evoluíram, têm hoje boas infraestruturas, condições de saúde, de educação que permitem um maior apoio à atividade empresarial”, disse o ministro.
Para o governante, que falava após o encerramento do I Encontro de Investidores da Diáspora, em Sintra, a realidade hoje “não é falar em mercado da saudade, é usar a saudade como impulso para criar novos mercados”.
“Temos hoje um Portugal cosmopolita, de quadros qualificados, que pretende atrair investimento e que, mesmo zonas de onde parte da nossa emigração saiu, zonas do interior, são hoje zonas em que devemos olhar com uma visão de competitividade, de coesão”, salientou Eduardo Cabrita.
Para o ministro, que tutela as autarquias, os investidores da diáspora podem servir como “ponto de partida também para a atração de investimento” de base local.
“Os incentivos fiscais à fixação de empresas no interior, a atração com base na gestão eficaz dos fundos europeus têm no investimento também dos portugueses que provaram ser capazes de ter sucesso em todo o mundo mais um desafio: que também tenham sucesso em Portugal”, frisou.
A experiência dos empresários em setores como a logística, agroalimentar e atividade turística também pode contribuir para que assumam o papel de “embaixadores da capacidade de atração, quer de investidores, quer de turistas, quer de quadros qualificados” dos países onde exercem atividade.
“Queremos que os portugueses no exterior sejam vistos de uma forma diferente, isto é, com uma intervenção cívica, política e económica que não existia em anteriores gerações”, apontou Eduardo Cabrita, acrescentando que o país precisa da “capacidade de adaptação que distingue os portugueses” no mundo.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, avaliou o encontro como “muito positivo” e anunciou que no próximo ano os investidores da diáspora vão ser convidados a repetir a experiência em Viana do Castelo.
O governante destacou que a iniciativa, que reuniu durante dois dias mais de 250 entidades empresariais e de 30 câmaras de comércio ou associações empresariais e contou com a presença de autarcas, serviu para conhecer “mais profundamente os portugueses investidores no mundo”.
Além de dar a conhecer “um conjunto de instrumentos financeiros e fiscais que valorizam e apoiam o investimento em Portugal”, o encontro visou, ainda, “criar uma rede de cooperação e de trabalho para canalizar esses investimentos para os diferentes territórios de todo o país”, explicou José Luís Carneiro.
A iniciativa pretende ainda, acrescentou, contribuir “para acompanhar aqueles que, estando em Portugal, querem investir nas regiões onde existem importantes comunidades portuguesas”.
“Sintra tem todas as condições para colaborar com os nossos investidores da diáspora no mesmo plano que colaboramos com outros investidores”, afirmou, por seu lado, o presidente da autarquia, Basílio Horta (PS).
O antigo dirigente da Aicep (atual Aicep Portugal Global -Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) notou que Sintra é um município “de acolhimento”, com 38 nacionalidades diferentes e um “grande espírito de integração”.
O I Encontro de Investidores da Diáspora decorreu entre sexta-feira e hoje no Centro Cultural Olga Cadaval, dedicado ao tema “Conhecer para Investir”, com a participação de três centenas de empresários de setores como a construção civil, limpezas, restauração, indústrias de moldes, plásticos, tecnologias de informação, comunicação, agroalimentar e turismo.
A iniciativa culminou o trabalho do Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora (GAID), que permitiu identificar micro e pequenas empresas, referenciar o associativismo empresarial e sinalizar Câmaras de Comércio em atividade.
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