Em declarações separadas à agência Lusa, os dois autarcas expressaram opiniões semelhantes: a ministra Constança Urbano de Sousa deveria ter saído após os incêndios de junho e a sua permanência na Administração Interna durante estes meses veio atrasar ainda mais a tomada de medidas consideradas vitais para a prevenção e combate aos incêndios.
"A demissão da ministra peca por tardia e é consequência do discurso do Presidente da República. Foi preciso um puxão de orelhas em público de Marcelo Rebelo de Sousa para forçar uma saída que devia ter acontecido há meses", refere o presidente da Câmara de Vagos, Silvério Regalado.
O autarca critica a falta de meios para o combate aos incêndios no seu concelho - "estivemos entregues à nossa sorte" - e lamenta a ausência de uma política clara de prevenção.
Regalado espera que do Conselho de Ministros de sábado saia, "finalmente", um pacote legislativo com medidas concretas de combate aos incêndios.
O presidente da Câmara de Mira, Raul Almeida, considera pelo seu lado que a demissão de Constança Urbano de Sousa "surge com meses de atraso", mas espera que o gesto venha a terminar com a indefinição no combate aos incêndios.
O autarca, que teve 70 por cento do território do seu concelho afetado pelas chamas, espera que a demissão seja uma oportunidade para refletir sobre os rumos da política florestal e da prevenção e combate aos incêndios.
"Espero que não seja apenas uma mera mudança de protagonistas. Que sirva para repensar políticas. Ou que sirva, pelo menos, para que o Governo ajude finalmente as populações, já que isso não aconteceu durante a fase de combate. Que nos ajude a reerguer o nosso concelho", conclui.
A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, apresentou o pedido de demissão, que foi aceite pelo primeiro-ministro, anunciou hoje o gabinete de António Costa.
"A ministra da Administração Interna apresentou-me formalmente a demissão em termos que não posso recusar", diz o primeiro-ministro na nota enviada às redações.
No comunicado, António Costa agradece publicamente "a dedicação e empenho com que [a ministra] serviu o País no desempenho das suas funções".
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