A Minusma baixou hoje a bandeira das Nações Unidas da sua sede perto do aeroporto da capital do Mali, Bamako, disse à agência de notícias France-Presse o seu porta-voz, Fatoumata Kaba.

Os correspondentes da agência puderam assistir ao início de uma cerimónia, que marca simbolicamente o fim da missão, embora alguns dos seus elementos ainda estejam no local, segundo o porta-voz.

O encerramento põe fim a uma missão iniciada em 2013, perante a propagação da violência que ameaçava a estabilidade de um Estado pobre e frágil.

Desde então o terrorismo espalhou-se para o centro do país e para os países vizinhos do Mali, na região do Sahel, o Burkina Faso e o Níger, causando milhares de mortes entre civis e combatentes e forçando a deslocação de milhões de pessoas.

Com mais de 180 membros mortos em atos hostis perpetrados principalmente por grupos armados afiliados à Al-Qaeda e à organização extremista Estado Islâmico, a Minusma é a missão de paz da ONU mais duramente atingida nos últimos anos. Esta força era composta de cerca de 15.000 militares e polícias de vários países.

Apesar das perdas humanas e de um compromisso financeiro considerável, a Minusma foi cronicamente criticada pela sua impotência face às ações terroristas por parte de uma fação da opinião pública e dos seus líderes.

A sua presença tornou-se quase insustentável, mas também indesejada pelos militares que assumiram a governação do país em 2020, após um golpe de Estado. O Burkina Faso e o Níger, por sua vez, também assistiram à subida ao poder de regimes militares nos últimos anos.

As relações entre a Minusma e a junta continuaram a deteriorar-se. A ONU denunciou abertamente as proibições de voos e outras barreiras colocadas pelas autoridades ao cumprimento das ações da missão. As autoridades protestaram contra a interferência, segundo elas, da Minusma na defesa dos direitos humanos, o que fazia parte do seu mandato.

O chefe da diplomacia maliana, Abdoulaye Diop, acabou por pedir ao Conselho de Segurança da ONU a saída “sem demora” da Minusma em junho último, classificou a missão da ONU como um “fracasso” e acrescentou que aquela não era a solução, mas “parte do problema”.

A Minusma não pôde permanecer contra a vontade das autoridades malianas e Conselho de Segurança cancelou o mandato da Minusma em 30 de junho fixando o objetivo de abandonar o país até 31 de dezembro.

Desde então, a Minusma desligou-se da maior parte das suas 13 posições, em condições difíceis, no norte, sob a pressão de uma escalada militar entre todos os intervenientes armados presentes no terreno.

Além de Bamako, a Minusma continua a fechar os locais de Gao e Timbuktu (norte), onde, depois de 01 de janeiro se realizará o que a ONU chama de “liquidação” da missão. Isto implicará, por exemplo, a entrega dos últimos equipamentos às autoridades ou a rescisão de contratos existentes.

Até sexta-feira, mais de 10.500 funcionários militares ou civis da Minusma deixaram o Mali, de um total de cerca de 13.800 no início da retirada, indicou a Minusma no X (antigo Twitter).