Em entrevista à Lusa a propósito do lançamento do livro “Argumentos Necessários”, que reúne textos seus sobre a política europeia e externa de Portugal, Augusto Santos Silva afirmou como cumprido um dos objetivos do Governo sobre a emigração portuguesa: “Ter Portugal o mais próximo possível das suas comunidades”.
“A ajuda do senhor Presidente da República tem sido absolutamente essencial. Onde quer que o Presidente da República vá, tem uma relação tão direta, tão afetiva, tão profunda, tão genuína com as comunidades portuguesas, que representa bem o enorme elo que existe entre Portugal e os portugueses que vivem no estrangeiro”, considerou.
Além disso, Santos Silva destacou o “trabalho absolutamente notável” do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, “do ponto de vista da proximidade junto dos compatriotas que estão a sofrer, com problemas ou em perigo em qualquer parte do mundo”, recordando os portugueses que atravessam dificuldades devido à crise política e social na Venezuela, os afetados no ano passado pelo furacão Irma, nas Caraíbas, ou as vítimas portuguesas de ataques terroristas.
Por outro lado, “o país conseguiu tornar mais visível a nova migração portuguesa”, tarefa para a qual contribuiu o Conselho da Diáspora, lançado por iniciativa do então Presidente Cavaco Silva, e a promoção das redes de pós-graduados portugueses nos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha ou Benelux.
Santos Silva também apontou a forma como, nos anos mais recentes, “mudou a imagem circunstancial do país”.
Os portugueses, considerou, passaram a ser “reconhecidos pela sua resiliência”.
“Isso é muito reconhecido a Portugal: o que fizemos durante o período mais difícil da crise e a forma como conseguimos resistir, sem convulsão social, sem convulsão política, sem que o sistema de partidos se desmoronasse e sem que houvesse um pôr em questão significativo da nossa identidade europeia”, lembrou.
Além disso, Portugal conquistou “uma voz mais ouvida e mais influente na Europa” por “mostrar que havia várias políticas possíveis para chegar aos mesmos objetivos”, referiu.
O país que elegeu em 2016 o antigo primeiro-ministro António Guterres como secretário-geral das Nações Unidas e, no ano passado, o ministro das Finanças como presidente do Eurogrupo, também conseguiu “consolidar a sua imagem tradicional de construtor de pontes”, defendeu o chefe da diplomacia portuguesa.
“Portugal tem construído uma posição na cena internacional que o torna num país em que as pessoas pensam quando na cena internacional é preciso desempenhar cargos ou funções de reunião, de convergência, de articulação, de intercomunicação”, disse, fazendo eco de palavras do Presidente português.
É assim, também, que o Governo português justifica a candidatura do antigo ministro e comissário europeu António Vitorino a diretor da Organização Internacional para as Migrações (OIM), cuja eleição decorre em junho.
“Entendemos que este ano em que estamos a discutir o pacto global sobre as migrações, esta eleição do novo diretor deve ser uma oportunidade para dar à OIM um protagonismo e uma relevância política maiores, e entendemos que António Vitorino dá garantias para isso”.
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