Num comunicado ao país, Luís Montenegro apela à substituição da responsável máxima dos serviços secretos. “Tomei a iniciativa de transmitir a António Costa que a secretária-geral do SIRP [Graça Mira-Gomes] deve ser substituída”. Acrescenta que António Costa é o "responsável pelas distorções legais e operacionais das secretas". Adianta que o PSD vai propor medidas de reforço das Secretas “transmiti ao primeiro-ministro a minha disponibilidade para reequacionar a forma como o Conselho de Fiscalização deve atuar. O PSD não é indiferente à forma como o Conselho se pronunciou sem uma análise feita com contraditório”

Esta é a primeira demissão que Montenegro pede, ao longo do discurso há-de pedir mais duas.

O líder do PSD, a partir da sede do partido no Porto, assegura que "o país tem assistido atónito à mais desprestigiante e deprimente degradação institucional de que há memória em Portugal". Reforça que "os episódios de desrespeito por regras básicas de comportamento institucional são abundantes e ferem a credibilidade dos poderes publícos". Termina, expressando a vontade do PSD, "a bem da dignidade e da moralidade da política João Galamba deve ser demitido".

O líder da oposição critíca o Primeiro-ministo por "se pode esconder na agenda internacional enquanto tem a casa arder", lembra que o Presidente da República disse "e bem" que a responsabilidade política e administrativa é essencial para os portugueses acreditarem em que os governa.

Montenegro continua as críticas ao líder do governo, dizendo que está "arrogantemente instalado na sua maioria absoluta" e que "tem contribuído para agravar a desconfiança no Governo, na política e no Estado".

"O pântano político em que Portugal mergulhou é da responsabilidade única do Partido Socialista e do Primeiro-ministro."

Mostradas as críticas, Montenegro apresenta-se como alternativa. "Estamos cada vez mais focados em apresentar ao pais uma alternativa política sólida e ambiciosa, para substituir o mais rápido possível o atual governo".

Assegura que essa é a vontade do país e que o PSD tem feito trabalho no terreno. "Enquanto o Governo destrói a dignidade dos poderes públicos com a cumplicidade e conivência do Primeiro-ministro, há um país com quem falo diariamente que quer alternativa e soluções".

No fim do discurso fala diretamente ao país, para o descansar, acredita. "Francamente, quero dizer aos portugueses que a fiscalização política do Governo é um dever que nós não renegamos". E volta a assegurar que a sua posição de alternativa é sólida, "estou cada vez mais empenhado em juntar pessoas, em juntar ideias para dar um Governo novo a Portugal."

"Portugal não pode ser esta balbúrdia e já só um novo Governo e uma nova maioria podem restabelecer a normalidade em Portugal."

O líder do partido da oposição não poupou as críticas ao líder do Governo. "O Primeiro-Ministro está a assobiar para o ar, está desaparecido da agenda política nacional, e não está a dar ao país a resposta que o país procura". E apresenta soluções "é preciso por ordem na casa e, para isso, era preciso uma liderança forte e capaz, que assumisse as responsabilidades. Coisa que infelizmente o Primeiro-ministro não tem feito", Montenegro lembra que o Primeiro-ministro "infelizmente" entrou "em conflito aberto com o Presidente da República", que foi "lúcido em ter dito ao país e ao Primeiro-ministro que a assumção de responsabilidades era essencial para dar confiança ao governo".

Montenegro avança ter dado conhecimento ao Presidente da República desta vontade, porque "o Governo capitulou", "não estanca a instabilidade que ele próprio criou neste período" e, acrescenta, o "Primeiro-ministro não é diligente para por cobro a uma situação que se vai avolumando".

Contudo, assegura que embora o PSD tenha "respeito pelas regras da democracia a estabilidade dos mandatos, cada vez mais são os portugueses a concluir que não mudando o governo é preciso mudar de Governo".

Em relação ao pedido da Iniciativa Liberal, para que o Primeiro-ministro seja ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito, Montenegro diz achar legítimo que a CPI queira esclarecimentos da parte do Primeiro-ministro", e avança que o "PSD não se vai opor".

Montenegro usa o adjetivo que Galamba usou, "perplexidade". Não obstante, o que os deixa perplexos é diferente. O líder do PSD tem acompanhado com "perplexidade" as CPI, "principalmente a forma inusitada, estranha e particular com que se trabalha nos gabinetes ministeriais, em particular no das  Infraestruturas". Afasta-se das "querelas diretas entre membros de um gabinete que devia ser coeso", mas lembra que "até ao dia em que foi exonerado Frederico Pinheiro teve a confiança plena do Ministro e dos colegas".

Montenegro volta a focar-se no tema da sua comunicação ao país, "a bem da estabilidade política um Ministro que está constantemente a atualizar a sua versão dos factos" não tem condições. Montenegro apelida de "infantil" que Galamba tenha tentado "confundir o país" dizendo que uma reunião entre um membro do Governo a bancada parlamentar que o suporta, seja o mesmo que uma reunião entre um membro da direção uma empresa pública "que está sobre intervenção, sobre escrutínio do Parlamento". Termina dizendo, "querer confundir o país com duas coisas totalmente diferentes, da forma ligeira com o que o fez, dá nota que não esta à altura das suas responsabilidades."

Acrescenta que ontem se ficou a saber que a primeira pessoa com quem Galamba falou foi com o  Ministro da Administração Interna. "Um mês depois é que se lembrou que ainda havia um outro Ministro, que tutela força e serviços de segurança," com quem falou. E resume, "um ministro que se contradiz a si próprio, sinceramente, é um caso de irresponsabilidade elevada". "E temos um líder de Governo que não é capaz de perceber que isto enfraquece o Ministro, enfraquece o Governo, e enfraquece os poderes em Portugal".

Questionado se pedirá a demissão do Governo, afiança que "a demissão compete ao ao Presidente da República. Naturalmente há uma maioria que dimanou de um ato eleitoral, onde a vontade política do povo foi expressa de forma livre e democrática. Nós temos respeito por isso, há uma outra circunstância e isso não é por si só suficiente para conferir estabilidade governativa durante o período de toda a legislatura".

E, acrescenta, culpabilizando o Governo pela crise política. "Aquilo que tem acontecido é que por responsabilidade única e exclusiva do Governo a a situação da política portuguesa, e da ação do governo em particular é de completa paralisia. Porque o país se vai distraindo caso após caso com aquilo que os governantes vão apresentando, como produto do seu trabalho no Governo e isso tem consequências".

Consequências essas que podem ser eleições antecipadas, embora Montenegro considere que "por princípio os mandatos devem ser cumpridos", mas reforça que "não foi por ação da oposição que o Governo se deixou enredar neste processo de degradação e instabilidade". Volta a posicionar-se, assegurando que "o PSD está pronto para assumir as suas responsabilidades. Para apresentar uma alternativa concreta que resolva os problemas concretos dos portugueses que o governo está a por em segundo plano", contudo esquiva-se de responder se terá pedido eleições antecipadas a Marcelo Rebelo de Sousa.

Nas últimas respostas aos jornalistas, mostra que não tem ilusões. "Não cabe ao PSD uma responsabilidade que não é sua, não tenho votos suficientes na Assembleia da República para demitir o Governo. Com o atual panorama ou o Governo se demite, ou o Governo é demitido, e o PSD está pronto para agir depois de uma destas."

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