O quinto dia da campanha da caravana da AD (coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM) começou na Avelmod, uma empresa que confeciona vestuário e exporta para vários países da Europa e até para a Ásia, com cerca de 140 trabalhadores, mas que já teve mais de 400.
Luís Montenegro visitou durante cerca de meia hora a fábrica, em hora de laboração, e cumprimentou de longe as trabalhadoras: “Bom dia, bom trabalho”.
Na parte final da visita, numa espécie de loja de venda ao público, o líder do PSD já tinha à sua espera um casaco para experimentar, um pouco acima do tamanho habitual, o que atribuiu aos excessos alimentares em campanha e “à medida da fábrica”
“Você não me faça tão gordo, eu é entre o 52 e o 54, mas admito que com o andar da campanha já esteja mais para o 54”, afirmou, quando recebeu um do tamanho 56.
Questionado pelos jornalistas, Montenegro disse “ter a certeza” que vai conseguir mudar de fato no final da campanha e, à pergunta se a roupa não servirá também no caso de ser líder da oposição, respondeu negativamente.
“Não, este aqui é exclusivo de primeiro-ministro”, assegurou.
Enquanto a costureira tirava medidas para o resto do fato, um dos administradores veio trazer um papel com a morada para o envio da roupa, onde se lia Palacete de São Bento, na Rua da Imprensa à Estrela, residência oficial do chefe do Governo.
O papel trazia já também título, “Sua excelência primeiro-ministro de Portugal”. Neste ponto, Montenegro quis ser mais cauteloso e salvaguardou que “isso só depois da indigitação e da tomada de posse”.
Questionado se será um fato para substituir o que vestia na quarta-feira, quando foi atingido por um ativista com tinta verde, admitiu que esse “já não tem cura” e até descobriu hoje de manhã resquícios de tinta na aliança.
Também o líder do CDS-PP, Nuno Melo, que acompanhou a visita tal como o cabeça de lista da AD por Leiria, Telmo Faria, já saiu da fábrica com calças bege novas para substituir as que ficaram estragadas no mesmo episódio do ativista em Lisboa.
De Manuel Arnaut, um dos administradores da Avelmod, ouviu queixas sobre a crise no setor têxtil, que se agravaram desde outubro do ano passado.
“O nosso setor entrou em crise profunda durante a covid, literalmente parámos. Andámos aos solavancos entre 2020 e 2021, reativámos com alguma prudência e fomos crescendo até outubro passado, quando voltou a parar”, disse.
Questionado por Montenegro se tal se deve à falta de procura, respondeu afirmativamente, juntando a crise de consumo ou o aumento dos custos de produção, como a eletricidade.
“Temos tido algumas medidas de apoio manifestamente insuficientes, temos de criar um caminho de aposta na qualidade”, explicou o administrador.
Manuel Arnaut queixou-se também de “um grande aperto da banca”, nomeadamente do Banco de Fomento.
“Tivemos de nos endividar em 2020 e 2021, porque a empresa simplesmente parou. Temos sentido grande intransigência, escudam-se em normas comunitárias, têm feito uma pressão brutal para o cumprimento dos prazos”, disse.
Questionado pela Lusa sobre situações de salários de atraso na empresa, o administrador admitiu que houve meses em que não conseguiram pagar os vencimentos na totalidade no dia certo, mas disse que neste momento a situação está regularizada.
“Estamos a trabalhar para que não se repita”, assegurou.
Leiria foi um dos círculos em que o PSD perdeu um deputado – que Montenegro manifestou a convicção de poder recuperar nas legislativas antecipadas de 10 de março — e também o primeiro lugar em votos para o PS.
Em 2022, o PSD elegeu quatro deputados, tal como PS e o Chega um.
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